A Baía de Todos os Santos, com superfície de 1.233 K, é uma grande baía localizada nas bordas da terceira maior cidade brasileira, Salvador, capital da Bahia.
Como em todas as baias, a sua principal característica é a variabilidade da qualidade de suas águas interiores. Por ser uma área de mistura entre as águas continentais, provenientes dos rios que lá desaguam, e a entrada das águas do mar torna-se uma zona propícia para desova e procriação de organismos marinhos. Em função da sua ampla comunicação com o mar, predomina em seu interior uma circulação forçada pelas marés, não ocorrendo variação significativa ao longo do ano (Cirano & Lessa, 2007). Por outro lado, por ter profundidades médias elevadas e suave declividade de fundo na sua entrada, o fluxo é predominantemente unidirecional na sua coluna d’água. As velocidades máximas de corrente registradas na baía estão entre 0,6 m/s e 1,0 m/s e os ventos têm uma influência no fluxo nos primeiros metros superficiais da coluna d’água (Lessa et al., 2009). As medidas de salinidade e de temperatura ao longo do eixo central da baía indicam a entrada da Água Tropical (T > 20° C, S > 35) no período de verão e a formação de uma massa d’água costeira (S < 35) no inverno (Lessa & Dias, 2009).

Na parte interna da Baía de Todos os Santos observa-se áreas mais rasas, com profundidade média variando em torno de 6 m e atingindo uma profundidade máxima de 70 m, no paleovale do rio Paraguaçu. De uma bacia de drenagem total de 60.000 km2, mais de 90% são drenados por três tributários, os rios Paraguaçu, Jaguaripe e Subaé, responsáveis por uma descarga média anual de 101 m³/s. A contribuição desses três rios equivale a 74% da descarga fluvial total (Cirano e Lessa, 2007). Daí o seu potencial de mistura e digestão propiciando uma enorme atividade biológica em suas águas.
A geomorfologia da baía é resultante de uma longa cadeia de eventos geológicos que permitiu nesta formação uma série de enseadas, ilhas, canais, sub-baías, penínsulas, recifes de corais, costões rochosos e praias (Dominguez & Bittencourt, 2009). A geologia da baía foi determinada, em grande parte, pela atividade tectônica, na época da separação entre a América do Sul e a África, ocupando uma área delimitada pelas falhas geológicas de Salvador e de Maragojipe.

Os costões rochosos existentes no entorno da Baía de Todos os Santos se localizam nas intermediações do Farol da Barra e no Yacht Clube. Essas formações predominam na porção sudeste da Baía de Todos os Santos, e apresentam um substrato composto predominantemente por fácies arenosas e organismos bentônicos distribuídos nos leitos ali consolidados (lages e costões rochosos).
Estes locais são muito procurados por banhistas, turistas, trabalhadores, pescadores artesanais, coletores de organismos ornamentais e caçadores submarinos, incluindo uma elevada pressão imobiliária em seu entorno. Esta área é um ponto significativo de pressão antrópica, exibem a presença de poluição por resíduos urbanos, além de possuir um enorme potencial biológico, econômico, turístico e histórico (Sampaio, 2006).

Fonte: https://vozdabahia.com.br/tag/rio-paraguacu/page/2/
Dentre as baías da costa leste brasileira, é a única que apresenta dez terminais portuários de grande porte, um canal de entrada naturalmente navegável e canais internos profundos, o que, desde sempre, a têm tornado um elemento facilitador do desenvolvimento da região. Sua riqueza natural, com expressiva extensão de recifes de corais, estuários e manguezais e sua forte relação com a história do Brasil fazem da Baía de Todos os Santos um polo turístico por excelência.

Fonte: https://www.portosenavios.com.br/noticias/portos-e-logistica/porto-itapoa-planeja-dobrar-a-movimentacao-de-conteineres
Uma mudança expressiva no panorama econômico do Recôncavo baiano ocorreu em 1950, quando a Petrobras inaugurou a pequena refinaria Landulpho Alves (RLAM) no município de Mataripe. Entre os anos 50 e 80 o Recôncavo foi o único produtor de petróleo no país (Oliveira, 2003). A descoberta e a exploração do petróleo transformaram definitivamente a identidade da região e impuseram uma nova organização econômica e social, que terminou por conduzir o Governo da Bahia, nas décadas de 60 e 70, à opção pelo desenvolvimento petroquímico como modelo de crescimento econômico do Estado.
Posteriormente, a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e uma série de incentivos fiscais permitiram o desenvolvimento e a expansão industrial, com a consolidação do complexo petroquímico e do Centro Industrial de Aratu. Como resultado de todo este processo, hoje o entorno da BTS compreende uma extensa zona industrial que inclui o maior polo petroquímico do hemisfério sul. Portanto as características naturais do litoral baiano, propícias para a navegação e instalações portuárias, proporcionaram um pujante modelo de desenvolvimento econômico para a região.

Fonte: https://www.candeiasbahia.net/2009/10/refinaria-landulpho-alves.html
Existem também três emissários submarinos localizados na plataforma continental adjacente, ao norte da desembocadura da baía, sendo dois destinados a efluentes industriais e um destinado ao esgotamento doméstico. Reservas de óleo e gás são exploradas na plataforma interna a menos de 100 km da entrada da baía. Portanto a economia do mar é uma atividade muito relevante para o desenvolvimento do estado da Bahia. A partir desse contexto, a Baía de Todos os Santos se transforma numa importante plataforma de acesso ao mar.

Fonte: https://leiamaisba.com.br/2022/04/24/baia-de-todos-os-santos-conheca-br-importancia-para-salvador
Por fim, é relevante realçar que a Baía de Todos os Santos é a segunda maior baía do mundo e um ecossistema costeiro de fundamental importância para o desenvolvimento da Economia Azul para a Bahia. Portanto a sua preservação é de fundamental importância para a qualidade de vida da população e o futuro do estado baiano.
Autor: Agnnes Marie Pereira Coelho de Carvalho
Referências bibliográficas:
Carvalho – Souza, G.F.Tinôco, M. S. Avaliação do Lixo Marinho em Costões Rochosos na Baía de Todos os Santos, Bahia, Brasil. Revista de Gestão Costeira Integrada, v. 11, n. 1, p. 135–143, 2011.
Caroso, Carlos. Tavares, Fátima. Pereira, Cláudio. Baía de todos os santos. SciELO – EUFBA, 2011, 20 Páginas. Apostila
Baía de todos os santos : aspectos oceanográficos / vanessa hatje, Jailson. B. de Andrade, organizadores. – salvador : edUFBa, 2009. 306 p. : Apostila.