El Niño e La Niña: Os extremos do clima

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O fenômeno do El Niño que geralmente ocorre na época do Natal provoca alterações significativas na distribuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico, com grandes impactos no clima. Mas, mesmo ocorrendo no Oceano Pacífico, esse evento causa grandes alterações ao redor do planeta.

Diferença da temperatura dos oceanos nos períodos desses eventos.
Fonte: https://images.app.goo.gl/Y9PFoaCqo2Jq5vJh7

El Niño e La Niña são efeitos extremos da interação oceano-atmosfera e proporcionam ao Brasil diferentes cenários climáticos, devido ao seu extenso litoral. As chuvas e as secas em excesso são alguns exemplos do que eles podem causar no Sul e no Nordeste. No ano de 2021, as características da La Niña já são perceptíveis mesmo em meados do mês de outubro (primavera), período antecipado ao habitual que é o verão.

Mas afinal, o que são esses eventos e o que eles causam?

Para entender esses eventos, é importante compreender a influência da variação da pressão atmosférica nos oceanos. A alta pressão do ar é definida como uma camada de ar fria e densa que se desloca das altas altitudes em direção à superfície. Esse movimento provoca o movimento dos ventos em direção às zonas de baixa pressão, onde o ar mais quente e menos denso tende a subir, contribuindo assim para a formação das chuvas.

A umidade do ar depende da interação entre a atmosfera e os oceanos
Fonte: https://www.allposters.com/-sp/Dark-Dramatic-Shot-of-Tropical-Storm-Coming-Ashore-at-Pensacola-Florida-Beach-Water-Spout-Descend-Posters_i15520103_.htm

O El Niño Oscilação Sul (ENOS) é uma anomalia natural cíclica que acontece no Oceano Pacífico quando ocorre a diminuição da atuação dos ventos alísios. O enfraquecimento das altas pressões diminui a intensidade dos ventos alísios que são ventos que sopram na superfície dos trópicos em direção ao Equador. Essas correntes de ar são responsáveis por carregar calor e umidade dos oceanos para as áreas continentais equatoriais.

Esquema representativo do enfraquecimento que ocorrem com os ventos alísios nos períodos de El Niño.
Fonte: https://images.app.goo.gl/oZRWFFV3yHRs3rtj7

No Pacífico com a redução dos ventos alísios, as correntes marinhas praticamente desaparecem e as águas superficiais estagnadas se aquecem. A formação desta camada de água (quente) menos densa na superfície impede a subida das águas frias de fundo, ricas em nutrientes para alimentar os peixes, acarretando a queda da produção pesqueira na costa do Peru. Assim, a alteração do padrão de circulação atmosférica também afeta o transporte da umidade causando alterações significativas. As chuvas se distribuem de forma diferente do normal causando enchentes e secas extremas. Ele proporciona mudanças consideráveis nos percentuais da pesca na região oeste da América do Sul. A redução dos nutrientes nos oceanos gera a morte e afugenta o pescado da costa do Peru, por exemplo. No Brasil o El Niño está associado com as chuvas intensas no sul do país e a seca em parte da região Norte e Nordeste.

Modificações climáticas causadas pelo El Niño
Fonte: https://images.app.goo.gl/YuofNsG5BGxqtnVbA

Já nos anos de La Niña, os ventos alísios se intensificam. Neste cenário, os ventos mais intensos promovem a empurra das águas quentes superficiais do Pacífico para oeste. Como consequência favorece a ressurgência que é a subida das águas profundas mais frias e mais ricas em nutrientes deixando as águas superficiais mais frias. Ele justamente possui esse nome por ser o fenômeno oposto ao do El Niño.  

       As consequências da La Niña para o Brasil são temperaturas amenas na região Sul durante o verão e um aumento das chuvas na região Nordeste. Na Amazônia se percebe um aumento na vazão dos rios e um maior risco de enchentes.  No inverno a região Sul fica mais seca, contrastando-se com os períodos de El Niño onde predominam as chuvas em excesso.

Mapas comparativos das mudanças climáticas da la Niña nos meses do evento em escala global.
Fonte: NOAA

Portanto esses eventos extremos causam grandes danos econômicos para as regiões do Brasil pois muitas delas dependem das chuvas e do solo para impulsionar a indústria agropecuária. Outras consequências são os danos materiais causados à população dessas localidades com o transbordamento dos rios e os deslizamentos de terra ocasionados pelos altos índices pluviométricos.

Inundação devido ao excesso de chuvas
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/08/1674351-sul-do-brasil-deve-ter-chuvas-fortes-e-desastres-preve-instituto.shtml

As previsões de anomalia para outubro-novembro-dezembro de 2021 dos modelos numéricos de previsão climática analisadas indicam que as águas sobre o Pacífico Equatorial devem se apresentar mais frias do que a média histórica. Ou seja, existe maior probabilidade de desenvolver uma La Niña de fraca a moderada sobre o Oceano Pacífico Central até o primeiro trimestre de 2022.

Embora sigam padrões, isso não significa que toda vez que as condições são ativadas elas se manifestem da mesma maneira pois nenhum evento La Niña é sempre igual ao outro. Em anos anteriores, o fenômeno se manifestou de forma mais branda. Contudo a partir de 2020 começamos a sentir os primeiros sinais de seu fortalecimento como a longa temporada de furacões no Atlântico, seca na América do Sul e fortes chuvas na América Central e no norte da América do Sul.

Temperatura da Superfície do mar.
Fonte: NCEP/NOAA

O Brasil é um país muito dependente do clima porque tem na agricultura e na pecuária como principais geradores de riqueza. Tanto uma como a outra dependem da água no local, na medida e na época certa. Consequentemente conhecer os fenômenos oceanográficos que interagem com o clima será fundamental para planejar medidas preventivas avisando potencializar os resultados da indústria agropecuária.

A lavoura depende da umidade trazida pelos ventos
Foto: Pedro Silvestre

Escrito por: Andressa Dutra

Referências Bibliográficas

http://enos.cptec.inpe.br/

OLIVEIRA, Gilvan Sampaio de. O El Niño e você: o fenômeno climático. São José dos Campos, SP: TRANTEC, 1999. BRASIL. Senado Federal. Relatório da comissão El Niño <http://www.senado.gov.br/web/relatorios/elnino/fenomeno>

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