Quando a gente caminha e observa as praias, dificilmente percebemos que ela é formada por milhões de partículas arenosas que se movimentam constantemente. É por isso que devemos ter em mente, que a praia se mantém em um equilíbrio dinâmico, ou seja, muito susceptível a transformações. Contudo, quando a praia se mantém de forma constante, é porque o grão de areia que foi retirado pelo mar, outro foi reposto no seu lugar.
A linha de praia é o placar da eterna luta entre as forças continentais e as forças oceânicas. Quando estas estão equilibradas, a linha de costa se mantém sempre no mesmo lugar. Contudo quando ocorre um desequilíbrio vai haver sempre alguma mudança. Se as forças continentais estiverem mais evidentes a linha de praia avança mar adentro. Por outro lado, se as forças oceânicas forem mais fortes, ocorre a erosão e a linha de praia recua em direção ao continente.
Agora, imagine isso acontecendo em uma praia urbana onde edifícios e ruas estão posicionadas de forma fixa. A perda de praia ou o avanço da linha d’água causam enormes prejuízos e transtornos, deixando a população apreensiva.
As forças oceânicas que atuam na erosão das praias e o avanço do mar continente adentro são as seguintes:
⦁ Maré, cujo a flutuação horária do nível do mar favorece a acessibilidade das ondas em pontos do perfil de praia mais internos.
⦁ Ondas, cujo a arrebentação levanta e mantém suspenso na coluna d’água os sedimentos do fundo, permitindo seu transporte e renovação pelas correntes litorâneos.
⦁ Correntes litorâneas, transportam os sedimentos (areias, silte e argila) para diferentes pontos ao longo da orla proporcionando a erosão (retirada de areia) ou o assoreamento (deposição de areia)
⦁ Ventos, cujo a intensidade e direção removem a areia ao longo do perfil de praia emerso formando as dunas ou levando os sedimentos para o mar.
⦁ Ressacas ou eventos extremos (furacão, ciclones), desequilibram de forma intensa e pontual as praias atingidas por estes fenômenos provocando transformações instantâneas
⦁ Elevação do nível do mar provocado pelo efeito estufa, intensifica os efeitos da maré proporcionando o acesso da água do mar em pontos interiores do continente.
As forças continentais que mantém e mesmo fortalecem as praias avançando-as na adentro são as seguintes:
⦁ Vazão dos rios que desembocam no mar trazem um volume considerável de sedimentos que favorecem a construção das praias . Da mesma forma durante as enxurradas elevam o nível das águas costeiras.
⦁ Geologia e a morfologia da linha de costa onde as afloramentos rochosos são verdadeiras âncoras que fixam e mantém o arco praial.
⦁ Sistemas que tanto podem podem ser os naturais (vegetação de restinga, mangues, recifes de corais, bancos de mexilhões) como antrópicos (quebramar, estruturas costeiras, portos) que protegem e mantém a linha de praia estável.
Portanto, as praias são áreas de amortecimento e dissipação das forças da natureza. Desta forma, são zonas em equilíbrio instável e, portanto, em constante mudança. Instalar edificações como calçadões, prédios e portos que dependem da estabilidade quanto a sua posição. Assim, estas edificações devem ser cuidadosamente estudadas para se evitar prejuízos materiais e mesmo de vida. Ainda mais agora que o planeta sofre uma evidente transformação decorrente das mudanças climáticas.
Prof. David Zee
Muito bom! Esclarecedor…