O petróleo é um hidrocarboneto tóxico composto por uma mistura complexa de elementos químicos, na sua composição se destacam o xileno, tolueno e benzeno, os quais são cancerígenos. Os dois últimos são solúveis em água, o que facilita a contaminação dos pescados, causando prejuízo econômico e afetando a alimentação da população litorânea, que é baseada em produtos vindos do mar.
As transformações e o comportamento do petróleo encontrado no mar dependem do tempo de exposição, das características de sua composição química e das condições do meio no decorrer do acidente, sendo de extrema importância o monitoramento do oceano para ocorrer a retirada o quanto antes, desta forma reduzindo a contaminação.
A densidade de cada tipo de petróleo tem relação com sua constituição química, e no meio ambiente reage de maneira diferenciada. De acordo com a International Tankers Oil pollution Fund (ITOF, 2002) os óleos com menor densidade persistem menos no meio ambiente. O óleo identificado no litoral do Nordeste é mais pesado, portanto permanecerá mais tempo na natureza caso não seja retirado, podendo acarretar consequências graves nos ecossistemas atingidos.
Os processos físicos de transformação e transporte do petróleo livre no mar são o espalhamento, evaporação, dispersão, sedimentação, emulsificação, dissolução, biodegradação e foto-oxidação. Os processos citados ocorrem em diferentes etapas, evidenciando mais uma vez a essencialidade de uma ação rápida e efetiva.
Em relação ao tempo de exposição, nas primeiras 100 horas grande parte do óleo sofre evaporação e espalhamento. Assim, a rapidez de contenção é fundamental para evitar esses processos, principalmente que o óleo se espalhe. Quanto à evaporação, nas primeiras 72 horas se perde para a atmosfera aproximadamente 35% do volume inicial. Trata-se da porção volátil do petróleo.
A rapidez da detecção do acidente e a agilidade das decisões do centro de comando nos primeiros dias de vazamento é fundamental para a eficácia da reação. Nestes momentos, um monitoramento permanente, uma cadeia de comunicação efetiva e uma estrutura de comando definida são decisivos.
Em um 2º momento, após 100 horas, a dispersão e a emulsificação do óleo começam a tomar corpo. Nesta fase, a toxidade do petróleo começa a se incorporar no meio líquido, o que facilita a absorção pelos organismos vivos. É de suma importância tentar evitar ao máximo deixar chegar nessa fase. O transporte exercido pelas correntes marinhas e pelo vento espalham ainda mais o óleo, aumentando consequentemente incorporação dessas substâncias tóxicas no pescado.
Por fim, no 3º momento, que se inicia após 1000 horas, ou seja, 40 dias exposto no mar, inicia-se a fase de sedimentação e de degradação do petróleo. Pouco a pouco ele vai se adensando, fragmentando e descendo pela coluna d’água até se depositar no leito oceânico. Neste momento, a intoxicação se processa ao longo da coluna d’água e nos organismos de fundo, não somente na superfície.
A lenta biodegradação mantém a toxicidade do petróleo ativa por longos períodos, podendo perdurar por até 30 anos até que o ambiente marinho possa estar livre dessa contaminação.
Portanto, preparo, organização e rapidez das reações são fundamentais para a mitigaçao dos efeitos colaterais do derrame de óleo no oceano.
Escrito por David Zee
Editado por Paula Charnaux