Agosto Olímpico

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Escrito por David Zee/ Editado por Gabriela Brandão Barros Lima

Agosto é um mês conhecido pelos eventos extremos causados pelas frequentes entradas de frentes frias, normalmente vindas de sudoeste. Para quem está de frente para o mar nas praias cariocas, estes centos fortes e frios que antecedem as ressacas vem do quadrante à direita do observador. Quando as velocidades dos ventos superam os 60km/h por um período mais prolongado que um dia, com certeza estes ventos arrastaram e empilharam muita água sobre o litoral carioca. Esta ventania provoca a maré meteorológica que é da ordem de 0,60 a 0,80 metros, o que representa uma sobrelevação significativa do nível do mar.

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Mar de ressaca no Arpoador. Fonte: Daniel Scelza/ Estadão

Em períodos de lua nova ou lua cheia a maré astronômica, ocasionada pela atração gravitacional da lua e do sol, é mais intensa. Esta acresce mais 1,00 metro ao nível do mar. Se somarmos a maré meteorológica e a astronômica temos uma elevação do nível do mar da ordem de 1,60 metros.

Nesta situação as ondas de ressacas que são em média de 3,0 a 3,5 metros de altura tem mais acessibilidade a pontos mais internos do litoral. Devido à elevação do nível do mar provocada pelas marés, as ondas de ressaca avançam continente adentro provocando estragos consideráveis a edificações e obras costeiras. Portanto a sobrelevação do nível do mar deixa mais expostos os calçadões, muradas e passarelas a beira mar.

Em agosto de 2016, durante as olimpíadas no Rio de Janeiro, maior número de visitantes estará na cidade assistindo aos jogos. Neste cenário, a ocorrência de eventos extremos somada com uma cidade cuja orla foi edificada com pouca atenção para os fenômenos oceanográficos extremos, o risco de acidentes ambientais com fatalidades se torna ainda mais evidente.

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Ondas chegam bem perto ao estúdio de TV feito para a Olimpíada. Fonte: Eduardo Orgler.

Em termos preventivos, o Comitê Rio 2016 solicitou a realização de estudos que pudessem estabelecer o limite de avanço das arenas e estruturas sobre as praias de Copacabana e Flamengo. Nestas praias serão posicionadas as arquibancadas e instalações de apoio das provas de Triátlon, Maratona Aquática, Vôlei de Praia e Vela. Portanto minimizou-se o risco destas estruturas serem atingidas pelas ondas e marés extremas que normalmente são registradas nos meses de julho e agosto.

Mesmo assim todo cuidado é pouco. Você, morador do Rio de Janeiro, além de saber se cuidar e evitar as praias nos períodos de ressaca auxilie e oriente os visitantes olímpicos de modo que todos tenham uma estada segura e desfrutem as alegrias dos jogos da paz.

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