Baía do Paranaguá: Natureza e Riqueza

A Baía de Paranaguá é um importante acidente geográfico da costa sul-sudeste do Brasil. Situada no estado do Paraná, a baía de Paranaguá tem hoje uma importante inserção na economia brasileira por meio da exportação de produtos agropecuários através de seus dois portos, Paranaguá e Antonina. Historicamente, a baía foi uma área importante na mineração aurífera seiscentista, além de induzir a ocupação do planalto curitibano. Nos séculos seguintes, constituiu-se numa região de intercâmbio, através da navegação de cabotagem, entre o Rio da Prata e o Rio de Janeiro.

“Grande Mar Redondo”, na língua tupi-guarani. Era assim que os índios denominavam a formosa baía: Pernaguá, Parnaguá, Paranaguá. O povoamento do litoral do Paraná começou por volta de 1550, na ilha da Cotinga, servindo mais de ponto referencial no processo de investigação e buscas auríferas. A Baía de Paranaguá despertou pouca atenção no início da exploração colonial. Um dos prováveis motivos são as dificuldades impostas pela sua barra, que dificultava o trabalho de ancoragem das embarcações. Tudo indica que o seu acesso primitivo era feito a partir da vila de Cananéia, pelo canal do Ararapira e pela ilha de Superagüi.

Paranaguá é uma cidade de referência litorânea pela importância do porto para a economia do Estado do Paraná. Possui um dos mais belos conjuntos arquitetônicos coloniais do Estado, extremamente valorizado em função da sua representatividade e de seu potencial turístico. O aumento da população, com o correspondente crescimento das atividades agronômicas e industriais além do Porto de Paranaguá, vem modificando a conformação do contorno da baía.

Há preocupações com as condições ambientais do sistema (Silva et al., 2003), pois 27% do volume total das mercadorias exportadas pelo porto correspondem a materiais perigosos ao meio ambiente. Entre esses produtos perigosos destacam-se: derivados de petróleo, produtos químicos, sal, minérios, óleos vegetais, adubos, papel e os resíduos da soja. No caso de ocorrer algum acidente, fatalmente as águas da baía e suas margens ficariam contaminados e sofreriam danos irreversíveis.

A poluição por metais pesados está associada, por um lado, a metais presentes na forma dissolvida ou à matéria particulada em suspensão na coluna de água e por outro lado ao plâncton. Também existe a ameaça dos metais pesados serem filtrados pelos moluscos e acumularem-se preferencialmente nos tecidos viscerais.

Torna-se assim importante monitorar e conhecer a quantidade de metal na forma livre iônica dissolvida que é frequentemente, muito menor do que o conteúdo total. O sedimento em suspensão é o principal meio de transporte dos metais na coluna d’água. Em seguida, esses poluentes decantam e são depositados na forma de sedimentos de fundo, que funcionam como reservatórios desses elementos, com risco de recontaminar  a coluna d’água e a biota através do revolvimento das águas por ação de ventos fortes ou correntes de maré (Amado Filho et al., 1999).

Assim como as baías de Guanabara e a de Santos, a maioria dos ambientes costeiros tem sido afetada por diferentes tipos de poluentes orgânicos e inorgânicos em função da atividade antrópica. Portanto, o monitoramento e a avaliação dos efeitos potenciais de cada contaminante e de sua interação com os organismos estuarinos constituem-se em uma abordagem ecotoxicológica importante e imprescindível. Esse tipo de pesquisa é importante não apenas para a preservação do meio ambiente mas principalmente para garantir a saúde pública.

Por fim, é importante ressaltar que a Baía de Paranaguá é a maior baía do Estado do Paraná, considerada a terceira de alta relevância no país por sua grande extensão de área molhada. Da mesma forma, além de ser cercada pela Serra do Mar, abriga extensas áreas de manguezais e remanescentes da Floresta Atlântica contribuindo de modo significativo para o abrigo de sua rica biodiversidade animal e vegetal. Fica evidente a extrema importância da sua preservação, tanto que é uma reserva tombada pela Unesco e de grande importância para a população do Paraná. Enfim, para se perpetuar as necessidades do homem é preciso saber manter o ecossistema vivo e saudável para que possa continuar oferecendo os inestimáveis serviços ambientais que mantém a economia social ativa.

Autora: Agnnes Marie Pereira Coelho de Carvalho

 

Referências:

SANTOS, D. M. et al. Avaliação de Metais Pesados na Baía de Paranaguá, PR, Brasil, sob Influência das Atividades Antrópicas. Journal of the Brazilian Society of Ecotoxicology, v. 1, n. 2, p. 157–160, 2006.

PICANÇO, J. de L.; MESQUITA, M. J. A CARTOGRAFIA PRIMITIVA DA BAÍA DE PARANAGUÁ (SÉCULOS XVI-XVII) E OS LIMITES DA AMERICA PORTUGUESA. Revista Brasileira de Cartografia, [S. l.], v. 67, n. 4, p. 805–815, 2015. DOI: 10.14393/rbcv67n4-49122. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/revistabrasileiracartografia/article/view/49122

Baía de Paranaguá. Disponível em: <https://www.portosdoparana.pr.gov.br/Meio-Ambiente/Pagina/Baia-de-Paranagua>. Acesso em: 29 dez. 2023.