Enxergando o fundo do mar através do som

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Utilizando a geofísica acústica para conhecer o fundo oceânico

 Já parou para pensar como os cientistas fazem para estudar as feições do fundo oceânico sem nem se molhar? Os oceanos ocupam aproximadamente 71% da superfície do planeta e sua profundidade média é de 3.400 metros. Levando em consideração que a zona fótica, ou seja, a zona “iluminada” compreende apenas os primeiros 100 metros de profundidade da água, de que maneira nós, seres terrestres, poderíamos descobrir o que há na escuridão das profundezas?

Fonte: https://es.wikipedia.org/wiki/Eco

 A geofísica se utiliza da alta capacidade do mar em transmitir ondas acústicas, ou seja, das propriedades da propagação de tais ondas na água do mar para analisar as características do fundo marinho. A velocidade de propagação do som neste ambiente depende de diversos fatores, como a temperatura, a salinidade e a pressão, que devem ser controlados para que se consiga o resultado mais exato possível. Conhecendo as propriedades que governam a velocidade do som na coluna d’água dos oceanos, os cientistas conseguem calcular a distância percorrida, e assim determinam as profundidades dos oceanos e o seu relevo submarino. Hoje em dia existem diversos métodos para a realização do estudo do fundo do mar e das camadas do solo submarino, como a batimetria, a sonografia e a sísmica de reflexão e refração. 

Fonte: https://gruasyaparejos.com/topografia/levantamiento-batimetrico/

A batimetria consiste na medição da profundidade dos oceanos utilizando uma fonte emissora, que transmite um sinal acústico, e um relógio que conta o tempo que este sinal levou para ir e voltar ao sensor. Através da medição desse intervalo de tempo, é possível calcular a profundidade do local. 

Fonte:https://allonda.com/blog/dragagem/batimetria-o-coracao-da-dragagem/

Na sonografia, diferente dos ecobatímetros, são utilizados sonares de varredura lateral que emitem dois feixes de sinal acústico, um para cada lado, em intervalos regulares. Ele mede o tempo que o sinal demora para voltar e com isso, calcula a distância até o fundo, isso tudo em tempo real, facilitando a busca de objetos perdidos.

Já na sísmica a história é diferente. As ondas emitidas pelos equipamentos são ondas sísmicas artificiais produzidas por canhões de ar comprimido, que permitem o estudo de características que estão abaixo da superfície do fundo oceânico. Esta é a principal forma de investigação quando o objetivo é descobrir reservatórios de petróleo e gás no subsolo submarino. Graças a esses equipamentos o Brasil hoje é auto suficiente na produção de petróleo. Você sabia que mais de 90% do petróleo produzido no Brasil vem do mar?


Fonte: https://www.awesomestories.com/asset/view/Searching-for-Underwater-Oil-Locations

O estudo através dos métodos geofísicos acústicos, apesar do alto custo dos levantamentos, compensa pois é possível obter diversas informações valiosas com rapidez e precisão de áreas de difícil (ou impossível) acesso.

A oceanografia física e geológica, combinadas propiciam o desenvolvimento de novas tecnologias que impulsionam a economia do Brasil voltada para o mar. Grande parte dos futuros recursos energéticos virão da exploração em território marinho. Novos campos produtivos de petróleo, ventos e solar dependerão da capacidade da formação de recursos humanos preparados para trabalhar com o mar. Portanto, para podermos enxergar o fundo do mar, dependemos do som que ao se propagar é capaz de produzir imagens que podem nos revelar novas riquezas para o desenvolvimento do país.

Relevo submarino da Bacia de Campos, exploração de petróleo no mar brasileiro.
Fonte: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/B9788535269376500112

Escrito por: Maria Becker

Referências Bibliográficas:

Marine Geology by James P. Kennett 1981.

Introdução à Geologia Marinha. Interciência; 1a Edição Orgs. Ponzi, Vera Regina Abelin – Sichel, Susanna Eleonora-Baptista Neto, José Antônio Interciência, 2004.

Marine Geophysics. E. J. W. Jones 1999.

https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/21/21133/tde-30102006-171206/publico/TESE_Laps_2006.pdf

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