Nascido em 11 de junho de 1910, sendo filho de um oficial da Aeronáutica, Cousteau desde novo foi um insistente a sobrevivência. Quando criança sofreu anemia e enterite (doença estomacal), porém isso não o impediu que aprendesse a mergulhar. Querendo seguir os passos de seu pai, Jacques tinha a sua vida destinada para a aviação. Entretanto, um fatídico acidente de carro mudou a sua trajetória do ar para o mar. Com seus braços quebrados em decorrência do acidente, ele precisou encontrar uma forma eficaz de reabilitação. Foi na natação onde Cousteau aprendeu as práticas do mergulho subaquático.
Foi nessa nova experiência que Jaques Cousteau sentiu-se atraído de conhecer cada vez mais o mundo submarinho. Para conseguir isso ele precisava de equipamentos capazes de manter o maior tempo possível submerso para poder contemplar e estudar o fundo do mar. Ele com Frédéric Dumas e Philippe Taillez, eram conhecidos como “Os três mosqueteiros” e sentiram a necessidade de fazer melhorias e adaptações nos antiquados equipamentos de mergulho da época. Foi então que Cousteau inventou o Acqualung. Esse equipamento revolucionou a história do mergulho no mundo inteiro, podendo fazer com que o mergulhador pudesse ter maior mobilidade e autonomia em seus mergulhos.
Jaques-Yves Cousteau foi chamado por inúmeros adjetivos: mergulhador, oceanógrafo, inventor, marido, pai, amigo, e também de cineasta. Foram muitos os documentários valiosíssimos produzidos para o mundo. Cousteau chegou a ganhar prêmios internacionais como o Palma de Ouro e o Oscar de melhor documentário. Suas obras mais conhecidas foram: “O Mundo do Silencio”, “O mundo sem Sol”, “A Odisséia de Jacques Cousteau”. Seu maior legado, sem dúvida, foi conseguir levar a visão do fundo do mar para dentro das salas de estar no mundo inteiro. Isso revelou uma nova fronteira que ninguém conhecia. A preservação e a visibilidade dos oceanos têm uma dívida imensa com Jacques Cousteau.
Jacques tinha a confiança de sua tripulação e da sua família a bordo para enfrentar corajosamente as surpresas que viriam ternas explorações amazônicas. Nas suas viagens pelo rio Negro de cor escura, e o rio Solimões de cor barrenta, foi possível compreender que a diferença entre as temperaturas dos rios é que impediam a mistura imediata das águas originando o contraste do “encontro das águas”.
Outro fenômeno amazônico que deixou Jacques e a tripulação do Calypso perplexa, foi à força do encontro das águas do Rio Amazonas com o mar. A súbita diferença entre o nível das águas interiores com a maré oceânica documentada por Cousteau, provoca a formação de ondas gigantescas e longas que os índios nomearam como “Pororóca” devido ao grande estrondo provocado.
Seus documentários sobre a floresta também alertaram o quanto o garimpo faz mal ao meio ambiente e ao homem local. Os resíduos de metais pesados derivados do garimpo inadequado, como o mercúrio, eram despejados nos principais rios amazônicos fazendo com que os peixes e animais se contaminassem e por consequência os humanos que se alimentam desses animais também. Formava-se aí uma perigosa cadeia de contaminação com enorme risco à saúde dos índios e da população ribeirinha.
Cousteau também denunciou a caça ilegal de animais silvestres mostrando que muitas espécies foram extintas por completo em função da ganância e da ignorância do homem. Ainda hoje os efeitos da caça ilegal são sentidos na floresta e em todo o ecossistema local.
Ao final de sua vida Cousteau dedicou-se inteiramente ao ativismo ambiental. Ele estava determinado a ser um guardião da Amazônia. Com seus livros, documentários e participação em ONGs, Cousteau quis mostrar ao mundo inteiro o valor inestimável que o oceano e a Amazônia têm para todos.
O legado de Jaques-Yves Cousteau ultrapassa nacionalidades, tempo e gerações. Ele compartilhou a oportunidade e o conhecimento, para que homens e mulheres pudessem continuar a partir de onde ele parou. Um presente valiosíssimo que ele deu a todos nós brasileiros foi o conhecimento da nossa própria Amazônia. Cousteau foi um precursor da defesa da Amazônia, um imenso patrimônio ambiental do planeta. Sua capacidade de enxergar muito além do seu tempo é exemplo para muitos oceanógrafos até os dias de hoje. Ele dedicou a sua vida no avanço do conhecimento do ser humano sobre o mar. Seu legado de superação e determinação é fonte, até hoje, de inspiração para muitos oceanógrafos. Através da comunicação fácil e das imagens magníficas dos seus filmes e documentários conseguiu revelar o fabuloso mundo submarino que muitos ainda desconhecem. Cousteau acreditava que somente reconhecendo as belezas e as riquezas dos oceanos é que seria possível cuidar do mundo submerso possibilitando assim que as próximas gerações pudessem viver deslumbrar e desfrutar o que ainda nos resta.
Escrito por: Thais F. Posse
Referências Bibliográficas
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AMAZONIA DE JACQUES COUSTEAU. EXPEDIÇÃO. Disponível em: https://www.encontro2018.sc.anpuh.org/resources/anais/8/1537753130_ARQUIVO_ElisianeZvirAnpuh.pdfAcesso em 19 de dez. 2023
JACQUES COUSTEAU NA AMAZÔNIA. Disponível em: https://youtu.be/VVR0B0zESao?si=x50lKv-0_wHOoCSoAcesso em 29 de dez. 2023 COUSTEAU LEGACY. Disponível em: «https://www.cousteau.org/legacy/expeditions/amazon/» Acesso em: 03 jan. 2024