Você sabe a diferença entre as ilhas oceânicas e as continentais? O arquipélago de Abrolhos(BA), por exemplo, são ilhas continentais pois estão localizadas sobre a plataforma continental. As ilhas oceânicas emergem do leito abissal marinho a profundidades superiores a mil metros, portanto fora da plataforma continental. O Brasil tem 5 ilhas oceânicas: arquipélago de São Pedro e São Paulo(PE), Arquipélago de Fernando de Noronha(PE), Atol das Rocas(RN), Ilha da Trindade(ES) e Arquipélago de Martim Vaz(ES).
Somente com a existência de ilhas oceânicas habitadas, a Convenção das Nações Unidas do Direito do Mar-CNUDM reconhece um acréscimo de 30% da Zona Econômica Exclusiva-ZEE do Brasil. Isso representa um acréscimo de mais de 1.100km² de área marinha onde o Brasil pode explorar os recursos vivos e não vivos existentes na coluna d’água, leito ou subsolo marinho. É muita coisa, não é mesmo?
Das cinco ilhas oceânicas brasileiras, três são permanentemente habitadas e garantem direitos sobre uma circunferência de raio de 200 milhas (370,4km) no seu entorno. São elas: Arquipélago de São Paulo e São Pedro, Fernando de Noronha e Trindade.
O arquipélago de São Paulo e São Pedro é um conjunto de 10 ilhas que nada mais são que o cume aflorado no mar de montanhas vulcânicas que emergem do leito abissal marinho a quase 5.000m de profundidade. Graças a instalação de uma base de pesquisa científica e um farol de sinalização além de uma guarnição mantida pela Marinha do Brasil é considerada ilha habitada. Antes eram chamados de penedos ou rochedos que ameaçavam a navegação. Inclusive seu nome foi decorrente ao naufrágio da caravela São Pedro em 1511 nessas rochas e sua tripulação foi resgatada graças a outra caravela, de uma frota de 6 navios, chamada de São Paulo. Note na imagem a seguir que as instalações foram adaptadas sobre pilotis para evitar as ondas durante a maré cheia.
O arquipélago de Fernando de Noronha já é notório pelo turismo e pelas suas belezas marinhas que dispensam comentários. Contudo, quase na mesma latitude de Fernando de Noronha e a uma distância de 148km a oeste localiza-se o único atol do Atlântico Sul, a reserva biológica do Atol das Rocas. Atol é uma ilha em forma de anel, estruturada por recifes de coral e cujo interior abriga uma laguna de águas protegidas. Veja a seguir a sequência da formação de um atol em alto mar.
O Atol das Rocas é um santuário ecológico no meio do Oceano Atlântico e local de rica biodiversidade marinha. Em 1979 foi criada a Reserva Biológica do Atol das Rocas e existe uma pequena base científica de apoio construída na Ilha do Farol.
O Atol das Rocas pela sua localização e ecossistema único decorrente da formação coralínea oferece um substrato duro para a incrustação de organismos marinhos. Estes promovem uma produtividade biológica singular favorecendo a presença de organismos superiores como tartarugas, avifauna marinha além de servir de abrigo para aves migratórias.
Finalmente na mesma latitude de Vitória (ES) e a 1.200km a leste localizam-se a Ilha da Trindade e o arquipélago de Martim Vaz. Outro importante marco insular no meio do Atlântico Sul de notória importância estratégica seja geográfica (segurança nacional) seja ambiental. As pequenas e remotas ilhas de Trindade e Martim Vaz são o cimo emerso de montanhas vulcânicas que afloram de aproximadamente 5.000m de profundidade a partir do leito oceânico abissal.
Trindade é a única ilha do arquipélago habitada graças a instalação em 1957 de uma base de pesquisas científicas construída e mantida pela Marinha do Brasil através da Diretoria de Hidrografia e Navegação-DHN. A geologia vulcânica da Ilha da Trindade oferece um mosaico de cores em função da composição mineralógica diversificada.
A ilha principal, Martim Vaz, tem um relevo bastante íngreme e seu ponto mais elevado se encontra a 175m de altitude. Outras duas ilhas menores, com relevos não menos acidentados, ilhas Norte e Sul, somado com alguns rochedos aflorados menores compõe juntamente com Martim Vaz o arquipélago de mesmo nome.
As ilhas oceânicas são verdadeiras sentinelas do mar, delimitando e defendendo o espaço marinho brasileiro. Sua conservação e manutenção dependem do desenvolvimento de tecnologias capazes de assegurar a segurança nacional(soberania) e ambiental(sustentabilidade). Investimentos em pesquisas e a formação de recursos humanos capazes de realizar o uso sustentável dos recursos marinhos como preconiza a ONU para a próxima década dos oceanos (2021 a 2030) devem estar na pauta política do país nos próximos anos. Para aqueles que amam o mar, a formação de uma opinião pública preocupada com essas diretrizes deve ser objetivo de todos.
Escrito por: David Zee
Referências Bibliográficas
https://www.brasil-turismo.com/rio-grande-norte/rocas/atol-rocas.htm
https://marsemfim.com.br/wp-content/uploads/2019/02/mapa2.jpg
https://marsemfim.com.br/arquipelago-de-trindade-e-martim-vaz-joia-da-coroa/
https://marsemfim.com.br/arquipelago-de-trindade-e-martim-vaz-joia-da-coroa/