Com um nome sugestivo, esses animais são responsáveis por garantir o bem-estar de outras espécies e manter um equilíbrio do ecossistema marinho. Seu aspecto engloba características como cores brilhantes que contrastam, além de terem geralmente um tamanho pequeno. Vale ressaltar que há espécies de camarão que desempenham o mesmo papel, como a Lysmata debelius e a Lysmata amboinensis.
Fonte: https://www.waterworldglasgow.com/product/blood-shrimp/
Os peixes limpadores têm o hábito de remover ectoparasitos, tecido doente, muco e escamas do corpo de outras espécies de peixes. O trabalho é realizado em locais denominados de estações de limpeza, onde os clientes (peixes maiores que se submetem à limpeza realizada por eles) adotam com frequência uma posição característica enquanto os limpadores realizam a sua tarefa.
Com o nome de “simbiose de limpeza” no meio científico, o procedimento costuma ocorrer próximo à recifes de coral, e se inicia com o cliente sinalizando de alguma maneira, seja adotando uma postura diferente ou mudando de cor. Alguns animais deitam de lado ou se inclinam durante o processo, outros apenas abrem a boca para facilitar a entrada dos limpadores.
A relação entre um peixe-limpador e seu “cliente” é benéfica para o cliente, pois ele é limpo, ajudando-o a se manter saudável. Mas o peixe-limpador também se beneficia, pois pode comer os parasitas e não será comido pelo cliente.
Dependendo do tempo de atividade do peixe-limpador, ele pode ser classificado como um limpador habitual, caso realize esta função durante toda a vida; ou um limpador ocasional, quando realiza a função habitualmente apenas no estágio juvenil da vida.
Fonte: https://akwarium.gdynia.pl/en/pacific-cleaner-shrimp/
A importância dos peixes limpadores vai além da estética: de acordo com Ivan Sazima (Unicamp), coordenador de um projeto voltado para o estudo destes animais. A ausência destes peixes limpadores empobrece os recifes de corais e aumenta a população de peixes doentes. Um forte exemplo da relevância destes peixes na cadeia marinha é a identificação dos parasitas recolhidos da pele de peixes cliente. Tal investigação permitiu caracterizar o elenco de organismos nocivos a qual contribuiu com informações para o controle biológico de infestações parasitárias, podendo servir até mesmo como alternativa à utilização de pesticidas e na vacinação.
Em um estudo da Universidade de Queensland, na Austrália, constatou-se que o bodião-limpador (Labroides dimidiatus) reduz os hormônios do estresse de várias espécies de peixes de recife, e sua presença nos recifes de coral aumenta a abundância e a diversidade dos peixes.
Também através de um estudo do periódico “Communications Biology” da revista Nature, mostrou-se que as fêmeas desta espécie são capazes de identificar quando estão sendo observadas para conseguir uma refeição melhor, o que pode significar que elas possuem uma capacidade cognitiva de compreender que outros seres vivos têm intenções e planos diferentes dos seus.
Fonte: https://chc.org.br/faxina-debaixo-dagua/
Graças ao impulsionamento destes estudos, descobertas importantes podem ser realizadas de forma a beneficiar a cadeia biológica marinha, e consequentemente auxiliar no desenvolvimento de um ecossistema marinho mais resiliente e biodiverso. A saúde das populações de peixes em recifes promove ambientes mais ricos e belos em termos de biodiversidade, proporcionando assim diversos benefícios em inúmeros ramos da atividade humana, como o turismo, a economia e até mesmo a indústria farmacêutica. Portanto a simbiose promovida pelos peixes limpadores é um importante serviço ambiental que mantém saudáveis os recursos vivos dos oceanos em diversos pontos do planeta.
Escrito por Izabel Avellar
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