Recifes de coral: uma cidade submersa

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Os recifes de coral, apesar de ocuparem menos de 1% da superfície dos oceanos, abrigam quase metade de todas as espécies de peixes marinhos.
A cidade submarina é composta por blocos de carbonato de cálcio, que são verdadeiras edificações formadas por gerações de algas, corais e carapaças de organismos construtores desse recife.
O substrato duro originado de base de assentamento de algas além de abrigo para peixes, moluscos e muitos outros organismos formando uma teia alimentar diversa e rica. É uma cadeia de vida fornecendo inúmeros serviços ambientais importantes para a sustentabilidade do planeta como veremos a seguir.
Os corais são criaturas fascinantes, muito conhecidos por sua beleza e coloração.

Corais Bioluminescentes
Fonte: The ocean agency

Mas o que são os corais? São animais, do filo cnidária, o mesmo das águas vivas e anêmonas do mar. Eles se organizam em recifes, localizados em paredes e fundos rochosos, que abrigam diversas espécies de animais, tanto presas ao substrato quanto as de vida livre que ali se abrigam dos predadores. Além dos animais, há seres fotossintetizantes do reino protista, chamados de zooclorela e zooxantela, que vivem associados aos corais realizando mutualismo – o CO2 produzido pelos dinoflagelados (zooclorela e zooxantela) ajudam na deposição do carbonato de cálcio no esqueleto dos corais, enquanto os corais abrigam e fornecem nutrientes aos protistas.

Caranguejo se escondendo no coral
Fonte: The Ocean Agency

Os recifes são a base dos ecossistemas marinhos, mas além de terem importâncias socioeconômicas, como a produção de farmacêuticos, alimentos e proteção da região costeira contra as ondas, estão vivendo uma situação crítica de degradação. Estão sendo erodidos e sofrendo branqueamento em níveis alarmantes – apenas em 2016, 22% dos corais da grande barreira na Austrália morreram em decorrência do branqueamento. Além disso, 30% dos recifes do planeta já estão seriamente danificados. Essa situação é decorrente de vários fatores físico-químicos que os seres humanos estão alterando no ambiente, como acidificação dos oceanos, aquecimento global e a poluição marinha. Além dos fatores ambientais, há também os impactos humanos diretos, como a pesca por arrasto.

Processo de morte dos corais
Fonte: The Ocean Agency


Erosão dos recifes – causas e consequências


A erosão dos recifes é o evento menos conhecido que afeta os corais, mas tem se intensificado nos últimos anos. Ela vem sendo causada pelo aumento do número e intensificação das ressacas. As ondas fortes das ressacas vencem a resistência dos organismos, causando danos ou até a morte dos mesmos, pois podem ser desvinculados do substrato em que antes eram fixados. Outro fator que causa a erosão é a pesca de arrasto, em que as redes passam pelo fundo do mar levando todos os organismos encontrados pelo caminho, e consequentemente erodindo os recifes.
Esse evento além de comprometer a biodiversidade dos organismos marinhos ainda fragiliza o litoral, pois o mesmo perde sua proteção natural, causando maiores impactos nos ambientes costeiros, principalmente pelas ressacas, potencializando também a erosão nas praias.

Branqueamento dos corais


O branqueamento é um efeito já conhecido, onde o coral perde sua coloração pela expulsão da zooxantela, fica fraco e suscetível a doenças e acaba morrendo, porém suas causas podem ser diversas. A principal é o aquecimento global. Mais de 90% do efeito do aquecimento da Terra é absorvido pelos oceanos, tendo sua temperatura aumentada significativamente, afetando os organismos marinhos. A zooxantela associada ao coral sente fortemente qualquer alteração na temperatura, mesmo que pequena, levando à sua morte e, consequentemente, a do coral.
Outro fator que pode causar o branqueamento dos corais é a acidificação dos oceanos. Com a água mais ácida, o carbonato de cálcio não é depositado no exoesqueleto do coral, fragilizando-o imensamente.
A poluição é o último grande fator de influência para esse evento, por ser um fator indireto. A poluição não causa o branqueamento, mas ajuda a intensificar o aquecimento e a acidificação dos oceanos. Além disso, por mais que sejam carnívoros, os corais sentem os efeitos da poluição. Sendo bentônicos, ou seja, ligados ao substrato, não podem procurar outro ambiente quando o seu está poluído, podendo morrer em decorrência disso. Ademais, a poluição diminui a quantidade de luz que chega na água, por aumentar a turbidez, assim dificultando a realização da fotossíntese pela zooxantela associada aos corais e causando sua morte.

Comparação de corais normais e branqueados
Fonte: The Ocean Agency

Ainda há esperança?


Por mais que a situação dos corais esteja crítica, ainda há tempo de revertê-la. Os fatores que afetam negativamente esses ecossistemas precisam ser controlados, para que os recifes consigam continuar crescendo. É necessária a conscientização dos danos causados, principalmente pela pesca de arrasto, pois a quantidade de organismos que serão vendidos é insignificante perante aos que serão descartados. Além disso, a diminuição da emissão de gases estufa que causam o aquecimento global é fundamental, podendo ser alcançada a partir do maior uso de energias renováveis. A poluição marinha também pode ser diminuída, repensando nossas ações e o uso dos descartáveis, além da maior preocupação com rejeitos industriais, acidentes de barragens e de petróleo, que lançam substâncias tóxicas no mar, como metais pesados, óleo e outros.
Os corais precisam de maior atenção da população em geral, pois só assim conseguirão sobreviver. Está sendo uma corrida contra o tempo para evitar que esses organismos desapareçam.

Paula Charnaux


Fontes:

https://www.biologianet.com/curiosidades-biologia/branqueamento-corais.htm
https://earth.google.com/web/@24.4430141,123.8161774,1.99338296a,0d,60y,358.27417338h,113t,0r/data=CmoSaBIgY2EwYzk0ZGNhN2I4MTFlN2I1ZDBiNzRhMWFlNGU2MDMiJGVmZWVkX29jZWFuX2FnZW5jeV9jb3JhbF9ibGVhY2hpbmdfMRoeSW50ZXJuYXRpb25hbCBZZWFyIG9mIHRoZSBSZWVmIjAKLEFGMVFpcE9BeFJaTzZYemljVnRCQlY5WU85OEIya3Y2RFk1NWJHanlrM0VwEAU?EarthFeedSuffix=tttoa

https://theoceanagency.org/imagebank (imagens)

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