Serviços Ambientais dos Ecossistemas Marinhos

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De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), os oceanos são responsáveis por pelo menos 50% do oxigênio atmosférico em razão das trocas gasosas produzidas pela fotossíntese dos organismos vegetais. A fotossíntese produz o oxigênio em grande escala, permitindo que outros seres consumam o oxigênio para obter a sua energia. A partir disso, se entende a importância deste conhecimento para a opinião pública sobre o papel dos ecossistemas marinhos em fornecer serviços ambientais para a nossa qualidade de vida.

Fonte: https://www.oceandrop.com.br/blog/algas-marinhas

Os ecossistemas marinhos realizam diversos serviços, dos quais usufruímos direta ou indiretamente. Nos ecossistemas de gramas marinhas, por exemplo, há alta produtividade primária, ou seja, há uma grande produção de oxigênio por meio da fotossíntese. Os ecossistemas de gramíneas marinhas também servem de alimento e abrigo para diversos organismos e isso pode ser relacionado com sua produtividade. Além disso, as folhas das gramas compõem um ambiente favorável para o desenvolvimento de outras espécies. Como é o caso das epífitas, plantas que crescem sobre outras, mas sem prejudicar, contribuindo para a disponibilidade de oxigênio desse ecossistema. As gramas marinhas são encontradas em lagoas, ambientes recifais e de transição entre rio e mar, também conhecido como estuário. Portanto, a produção de alimentos em função da biodiversidade presente nesses ambientes, bem como a produção de oxigênio são serviços ambientais valiosos desses ecossistemas.

Fonte: https://gramamarinha.blogspot.com/

Por outro lado, os ecossistemas de manguezais estão na zona entremarés, como uma transição do ambiente marinho para o terrestre. Os mangues são árvores típicas deste ecossistema. Estas possuem suas raízes expostas acima do solo lodoso que conseguem sustentar seus altos troncos e copas cheias. Esses ecossistemas estão entre os mais produtivos do mundo e possuem diversas exclusividades, como a proteção da costa natural e de qualquer infraestrutura humana. Muitas espécies marinhas utilizam os manguezais como abrigo e berçário de reprodução. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), uma faixa de 500 metros de mangue pode diminuir a altura das ondas de 50% a 99%. Essa propriedade é extremamente importante para impedir a erosão do local. Além disso, o manguezal abriga espécies com importância econômica, como a tainha, o linguado e a sardinha.

Fonte: https://arvoreagua.org/ambiente-costeiro-e-marinho/manguezais-para-enfrentar-eventos-extremos-na-regiao-costeira

Assim como os ecossistemas de gramas marinhas, os manguezais também são responsáveis pela captura e armazenamento de carbono com grande mérito. Por ser um dos mais eficazes do mundo é o que mais colabora com o armazenamento de carbono da atmosfera. Estima-se que cerca de 1 bilhão de toneladas de carbono por ano, ou 10% do carbono mundial emitido em 1 ano, são absorvidos pelos manguezais espalhados pelo mundo. Por conta do carbono ser fixado por esses e outros ecossistemas marinhos, é utilizado o termo colorido Carbono Azul. 

Portanto, a fixação do carbono existente em excesso na atmosfera, a produção de oxigênio, bem como a proteção contra a erosão costeira por ocasião das ressacas são serviços ambientais importantes oferecidos pelos manguezais.

Fonte: https://www.ecobrasil.eco.br/27-restrito/categoria-paraty/1357-ecoparque-anexo-ix-uso-sustentavel-dos-manguezais

Agora, em termos de ecossistemas que chamam a atenção pela variedade de cores e espécies, há os ecossistemas de recifes de coral, que é um ecossistema dominado por seres construtores e os corais são os protagonistas. Os corais são parentes das águas-vivas e das anêmonas-do-mar. Possuem estruturas conhecidas como cnidas, que realizam funções importantes, como a defesa contra predadores, a locomoção e a fixação no substrato.

Alguns corais como os corais pétreos e azuis são capazes de produzir um esqueleto calcário que ao decorrer do seu crescimento, se tornam uma rocha que pode ser utilizada para outros organismos se estabelecerem, sendo importantes construtores de recifes. Os recifes de coral são considerados como habitat mais diversificado do mundo marinho, além de ser importantíssimo pela sua fonte de alimento e renda. Os recifes de coral também servem como importantes barreiras naturais contra o avanço do mar, segundo o estudo fornecido pela Fundação Grupo Boticário sobre a região nordeste do Brasil.

Estima-se que para cada quilômetro quadrado de recife de coral avaliado dos 170 quilômetros quadrados da região nordeste, consegue-se economizar cerca de R$ 941 milhões que seriam gastos em estruturas costeiras artificiais para a proteção contra a erosão e às inundações causadas pela elevação do nível do mar. Com isso, percebe-se que a costa seria bem mais vulnerável sem essas barreiras naturais.

Fonte: https://www.curiosidadesdeubatuba.com.br/corais/

Contudo não existem comunidades de coral apenas em áreas mais rasas, com muita luz solar e temperaturas elevadas. Ocorrem também corais em regiões mais profundas de mar aberto, onde a luz solar não consegue atingir. Os corais de zonas profundas formam corpos rochosos marinhos ou biohermas, que são montes formados pelos corais e podem atingir profundidades de até 1.500 metros (Castro; Huber, 2012). Por outro lado, os recifes de corais nas grandes profundidades são verdadeiros oásis em termos de produtividade orgânica mantendo uma fauna biodiversa.

O substrato duro das formações coralíneas oferecem o necessário suporte para o assentamento de inúmeros organismos marinhos proporcionando assim um serviço ambiental cujo principal produto é a sua biodiversidade. A pesquisa científica dessa rica biodiversidade oferece a oportunidade da descoberta de fármacos e substâncias químicas que podem revolucionar o desenvolvimento humano no planeta.    

Fonte: https://www.google.com.br/amp/s/marsemfim.com.br/recifes-de-corais-profundos-descobertos-em-galapagos/amp/

Neste cenário atual de superpopulação humana no planeta, é crucial a proteção dos ecossistemas marinhos para a nossa saúde e bem-estar. Um importante instrumento que viabiliza a sustentabilidade dos ecossistemas marinhos é a economia azul. De acordo com o Banco Mundial, a Economia Azul considera o uso sustentável dos recursos oceânicos para o crescimento econômico, a melhoria dos meios de subsistência e do emprego, preservando a saúde e o equilíbrio do uso dos ecossistemas marinhos. A Economia Azul é uma maneira de incentivar uma economia com respeito ao meio ambiente além de ser uma forma para amenizar as mudanças climáticas e evitar prejuízos tanto para a economia local quanto para as regiões costeiras.

Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2021/03/22/servicos-ecossistemicos-dos-oceanos-sao-essenciais-para-o-planeta-e-a-humanidade/

Nesse mesmo contexto, o presidente do Banco do Desenvolvimento do Brasil (BNDES), Aloizio Mercadante, anunciou no dia 24/01/2024 as quatro novas frentes estratégicas para a Economia Azul no Brasil: Incentivos à inovação e descarbonização da frota naval, estímulo à infraestrutura portuária e apoio a projetos de recursos hídricos via Fundo Clima. Dessa forma, essas frentes permitirão a caracterização e o mapeamento dos usos atuais e potenciais do ambiente marinho para o desenho das futuras políticas públicas.

 Portanto é esperado que os ecossistemas marinhos e costeiros recebam a atenção necessária para sua preservação. Sabendo que desempenham serviços ambientais cruciais para atenuar os impactos das mudanças climáticas ao capturar e armazenar o carbono, na produção de oxigênio, bem como elementos naturais de proteção costeira  na forma de barreiras naturais. De acordo com os crescentes desafios ligados ao aquecimento global, é fundamental o reconhecimento e a proteção desses ecossistemas como forma de enfrentar as mudanças climáticas e a poluição do ar.

 

Escrito por: Erica F. Dias

 

 

Referências bibliográficas:

How much oxygen comes from the ocean? Disponível em: <How much oxygen comes from the ocean >

O que são os manguezais e por que é importante conservá-los. Disponível em: <O que são os manguezais e por que é importante conservá-los | National Geographic>.

Bowman, W. D. Hacker, S. D.; Cain, M. L. Ecology. Sunderland, Massachusetts, U.S.A.: Sinauer Associates, Inc. Publishers ; New York, Ny, United States Of America, 2018.

Recheados de carbono azul”, manguezais ganham destaque no combate às mudanças climáticas. Disponível em:https://jornal.usp.br/ciencias/recheados-de-carbono-azul-manguezais-ganham-destaque-no-combate-as-mudancas-climaticas/ .

Poluição do ar e mudança climática: dois lados da mesma moeda. Disponível em: <https://www.unep.org/pt-br/noticias-e-reportagens/reportagem/poluicao-do-ar-e-mudanca-climatica-dois-lados-da-mesma-moeda >.

O que é a economia azul e por que ela é tão importante? Disponível em: <https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/o-que-e-a-economia-azul-e-por-que-ela-e-tao-importante#:~:text=A%20 economia%20 azul%20 visa%20 promover>.

BNDES avança no apoio à economia azul em quatro frentes estratégicas. Disponível em: <https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202401/bndes-avanca-no-apoio-a-economia-azul-em-quatro-frentes-estrategicas>.

Huber, M.; Castro, P. Marine Biology. [s.l.] McGraw-Hill Education, 2012.

Recifes de corais geram até R$ 167 bilhões ao Brasil em serviços de proteção costeira e turismo. Disponível em: <https://www.fundacaogrupoboticario.org.br/pt/acontece-por-aqui/Paginas/Entenda-como-os-Recifes-de-corais-contribuem-para-a-economia-do-pais.aspx >.

Brusca, R. C.; Moore, W.; Shuster, S. M. Invertebrados. [s.l: s.n.].

CGTI, A. Recifes de Coral. Disponível em: <https://antigo.mma.gov.br/processo-eletronico/item/397-recifes-de-corais.html >.

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