Ao percorrer algumas praias do nosso litoral, reparamos que as vezes temos que caminhar uma distância considerável para alcançar à água. A maior largura dessa faixa de areia que percorremos representa um dos principais elementos de proteção contra o avanço do mar e consequentemente contra a destruição que ela possa causar.
Entretanto, constantemente a largura dessas faixas muda por conta da dissipação da energia das ondas que chegam ao litoral. A energia dissipada é gasta carregando esses sedimentos de um lado para o outro ou até mesmo para dentro do mar. Contudo, quando a praia se mantém de forma constante, é porque o grão de areia que foi retirado pelo mar, outro foi colocado no seu lugar, havendo assim um equilíbrio dinâmico.
A menor ou maior quantidade de areia transportada depende da intensidade e da direção de entrada das ondas bem como da duração do evento. Porém, se os eventos extremos se tornarem constantes e fortes, ocorre a erosão e a linha de costa recua, ameaçando as dunas e as edificações humanas no litoral, podendo destruí-las.
Ao longo das últimas décadas, grande parte do litoral vem sofrendo com as modificações antrópicas, seja através de construções de edificações ou até mesmo com os aterros. Tais situações afetam o tamanho da largura da praia em decorrência da ocupação do assentamento dessas edificações. Desta forma, com essa redução modifica-se a dinâmica morfológica da praia fazendo com que a areia perca uma de suas funções que era de dissipação da energia das ondas que chegam na costa. Assim, a energia das ondas alcança de forma integral os calçadões e ruas da cidade potencializando a destruição dos equipamentos urbanos. Por conta disso, toda a orla se torna vulnerável, ou seja, propensa a enormes prejuízos e destruição, além da ameaça à funcionabilidade urbana.
Desta forma, podemos definir vulnerabilidade como sendo um parâmetro que mede a suscetibilidade do meio físico frente às pressões humanas negativas. A vulnerabilidade depende de três fatores que são a exposição à ameaça natural, à incapacidade de reação, e a dificuldade de adaptação diante da concretização da ameaça.
Desta maneira, a vulnerabilidade pode ser avaliada como sendo a incapacidade do ambiente resistir e/ou se recuperar após sofrer impactos decorrentes das ameaças naturais em função das atividades antrópicas mal conduzidas.
Com isso, deve-se avaliar cuidadosamente as intervenções humanas no litoral para que haja a menor interferência possível no equilíbrio natural moldado ao longo dos anos sem a presença humana. Ainda mais agora que todo o planeta sofre uma notória transformação decorrente das mudanças climáticas.
Escrito por: Rafael Dias
Referências
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