Tubarões (e raias) compõem a classe dos Chondrichthyes e pertencem à subclasse Elasmobranchii. Os Chondrichthyes, que diferente dos outros peixes, apresentam esqueleto feito de cartilagem em vez de ossos, são uma das linhagem mais antigas e diversas de vertebrados, tendo surgido há aproximadamente 420 milhões de anos.
Os tubarões vivem em todos os oceanos do planeta e se distribuem desde áreas continentais e costeiras até águas profundas.
A maioria dos elasmobrânquios ocupa altos níveis tróficos, sendo um grupo caracterizado por apresentar comportamento k-estrategista, possuindo taxas de crescimento baixas, maturidade sexual tardia, poucos descendentes, baixa mortalidade natural e grande longevidade. Essas características os tornam espécies vulneráveis, uma vez que ao sofrerem altas taxas de mortalidade, esses animais possuem baixa capacidade de recuperação.
Não é novidade alguma que tubarões são seres fascinantes, porém, existem alguns fatos sobre essas criaturas que necessitam ser desmistificados, visto que quanto mais soubermos sobre eles, menos vulneráveis a falsas informações estaremos.
A seguir, veja 5 fatos acerca da realidade dos tubarões que mudam o olhar das pessoas sobre eles:
1 – Sobre a dieta dos tubarões
Em geral, os tubarões NÃO comem humanos. Apesar de sua reputação assustadora, os tubarões raramente atacam humanos e preferem se alimentar de peixes e mamíferos marinhos. Apenas cerca de uma dúzia das mais de 300 espécies de tubarões estiveram envolvidas em ataques a humanos. Os tubarões evoluíram milhões de anos antes que os seres humanos existissem e, portanto, os seres humanos não fazem parte de suas dietas normais. Os tubarões são alimentadores oportunistas, mas a maioria dos tubarões se alimentam principalmente de peixes menores e invertebrados. Algumas das maiores espécies de tubarões atacam focas, leões marinhos e outros mamíferos marinhos. NOAA
2- Humanos matam tubarões
Mas muitas espécies de tubarões agora são classificadas como ameaçadas ou criticamente ameaçadas, graças a atividades humanas como pesca predatória, caça e finning, em que as barbatanas de tubarão comercialmente valiosas são cortadas ou serrradas antes que o animal mutilado seja jogado de volta no oceano (uma prática mais arrepiante que qualquer filme de terror com tema de tubarão). […] O “monstruoso” Grande Branco agora é classificado como uma espécie vulnerável. Telegraph
Os seres humanos caçam tubarões por sua carne, órgãos internos e pele, a fim de fabricar produtos como sopa de barbatana de tubarão, lubrificantes e couro. NOAA
Vídeo sobre a famosa sopa de barbatanas de tubarão – https://www.youtube.com/watch?v=9R94zRdgW_g?start=175&w=560&h=315
3- Tubarões são essenciais para manter o equilíbrio dos ecossistemas
Diversos estudos mostraram que remover esses predadores de topo pode ser devastador, afetando toda a cadeia alimentar do ecossistema, pois sabemos que ele morre sem tubarões. Como principais predadores, os tubarões controlam a densidade e o comportamento de suas presas, afetando indiretamente a abundância de espécies mais abaixo na cadeia alimentar. Scientific American
Vídeo (em inglês) “E se tubarões não existissem?” – https://www.youtube.com/watch?v=tAzxkDQFPe0?start=175&w=560&h=315
4- Humanos são mais perigosos para humanos do que os tubarões
Na lista do BuzzFeed de 20 coisas que matam mais que tubarões, constam raios, vulcões, tornados e até mesmo hipopótamos. Além destes, a lista também conta com atividades humanas como usar o celular no trânsito, uso de equipamentos domésticos (como furadeiras e brocas) e até compras na Black Friday. Em 2015, foi registrado que acidentes com selfies mataram mais do que ataques de tubarão. R7
Confira a tabela feita pelo Museu de História Natural da Flórida, mostrando o risco anual de morte por ataque de tubarão comparado a outras causas às quais um ser humano é exposto:
5- Cuidado com os números
A BBC analisou se os ataques de tubarão estão se tornando mais comuns, já que de acordo com o ISAF – International Shark Attack File , um programa dirigido por biólogos marinhos no Museu de História Natural da Flórida, o número de ataques de tubarão cresceu a um ritmo constante no último século, com cada década tendo mais ataques do que as anteriores. .
O que a própria ISAF frisa, é que precisa ser levado em consideração que a mídia e os cientistas prestaram muito menos atenção aos ataques de tubarão no passado do que fazem agora, o que justificaria a diferença nos números. A população humana também cresceu rapidamente no último século, assim, mais pessoas estão entrando na água e utilizando o mar por períodos mais longos, o que as coloca mais próximas dos tubarões.
Uma série de dados foi apresentada para corroborar esse pensamento em BBC UK.
Esses animais estão sofrendo constantemente com as práticas humanas desenfreadas que não visam o futuro dessas espécies, morrem aos montes todos os dias e as estatísticas comprovam que seu dano à nossa espécie é deveras inferior ao nosso dano a eles. Ainda assim, com todos os dados mostrando que os ataques são raros e que eles tem mais motivos a nos temer do que nós a eles, essas criaturas são retratadas de forma negativa pela mídia, horrificadas e taxadas como verdadeiros vilões, o terror dos mares.
Quando esses animais forem retratados de maneira correta, poderemos defendê-los apropriadamente, uma vez que o medo acaba por impedir que as coisas sejam vistas de forma clara.
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Glossário:
Chondrichtyes: Espécies de peixes que tem esqueleto cartilaginoso
Elasmobranchii: subclassificação dos peixes cartilaginosos, que engloba principalmente tubarões e raias
k-estrategistas: animais que competem por comida, explorando habitats já colonizados, e tem grande expectativa de vida (procriam pouco mas vivem muito)
NOAA: National Oceanic and Atmospheric Administration (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional). É uma agencia científica americana responsável por monitorar a qualidade dos oceanos e as ameaças climáticas.
Por Maria Carolina Chalegre Touceira e Stefany Bento
Nossa!