O Buraco de Belize, localizado a cerca de 70 km do continente, no Mar de Belize, constitui um grande sumidouro marinho pertencente a grande Barreira de Corais de “Belize Reserve System”, uma verdadeira caverna no meio do Oceano que se formou há dezenas de milhares de anos.
O que mais impressiona é o fato deste sumidouro, em torno de 125 metros de profundidade, ser avistado do espaço na forma de um círculo azul escuro com cerca de 300 metros de diâmetro: um paraíso para mergulhadores, aventureiros e cientistas. A baixa temperatura da água proporciona um colorido exuberante.
Mas como o Grande Buraco Azul, Patrimônio Mundial da UNESCO, se formou? Essa caverna hoje submarina, há milhares de anos atrás, na última Era Glacial, se localizava no nível do mar, sendo terra firme. Com o fim das glaciações e consequente aumento no nível do mar, a região se tornou submersa.
Existem várias teorias sobre a formação do buraco, mas em 1836, o famoso biólogo evolucionista Charles Darwin prestou homenagem a estas formações notáveis quando disse que os atóis de Belize e Belize Barrier Reef constituem “.. os recifes mais ricos e os mais notáveis de coral em todo o oeste do Caribe”.
Uma das primeiras pessoas a explorar o local foi Jacques Cousteau, na década de 1960. Recentemente um grupo de expedicionários na missão Blue Hole Belize 2018 alcançou o objetivo de sondar o fundo do Grande Buraco Azul, em submarinos de alta tecnologia exploração a região para observar detalhes até então desconhecidos do Buraco Azul.
Os cientistas conseguiram mapear o fundo da famosa caverna submarina, recorrendo a ondas acústicas. Posteriormente, e com a ajuda de sensores, os investigadores criaram o primeiro mapa tridimensional completo do buraco azul.
Expedições de cientistas identificaram que o Buraco Azul está dividido em três camadas, cada uma com características diferentes: a mais superficial é cristalina como as águas típicas do Caribe. À medida que aumenta a profundidade vai se avistando um ambiente enfumaçado até que se chega na camada mais profunda, onde não há luz nem oxigênio.
Um dos pontos que mais surpreende os pesquisadores é uma área repleta de estalactites formando um monumento semelhante a uma “catedral”, proveniente da época em que o nível do mar era 150 metros inferior comparativamente com o atual e o Grande Buraco Azul não estava ainda debaixo das águas.
Uma das características mais marcantes do Grande Buraco Azul é a presença de camada de sulfeto de hidrogênio, encontrada a uma distância de 90 metros da superfície. O material é tóxico, corrosivo e tem odor muito forte. À medida que a profundidade aumenta, o oxigênio desaparece da água. Este fato explica o porquê da Expedição de 2018 ter encontrado um “cemitério de moluscos”, já que essas espécies ousam nadar na região e morrem no abismo escuro depois de caírem na caverna e ficarem sem oxigênio. Além disso, o Buraco Azul abriga um dos ecossistemas de recifes mais puros da América Ocidental, merecendo o título dado por Charles Darwin.
O Grande Buraco de Belize é um paraíso para os mergulhadores que podem se aproximar de tubarões e arraias sem medo de ser atacados já que a luz solar chega até 60 metros de profundidade criando um habitat rico e harmônico de águas cristalinas.
Mas nem tudo é beleza em Belize. Infelizmente, os cientistas das expedições que estudaram a região relataram a presença de uma grande quantidade de garrafas de plástico no fundo do abismo azul.
Então, ficou com vontade de mergulhar em Belize?
Maria Gabriella Baptista
Fontes:
www.nationalgeographic.com/
https://g1.globo.com
https://www.megacurioso.com.br
https://www.hypeness.com.br