Praias Urbanas: Cuidados contra poluição das areias

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David Zee

As praias urbanas são muito impactadas pelas cidades e mesmo assim não possuem cuidados preventivos contra a sua crescente perda de qualidade ambiental. Vamos falar de um risco silencioso que muitas vezes não percebemos e dos perigos que corremos, mesmo evitando o banho em eventuais águas contaminadas.

Nos grandes balneários urbanos a falta de espaço devido ao adensamento humano na faixa de areia muitas vezes nos empurra para locais da praia contaminados. Alguns pontos devido o extravasamento das galerias pluviais (línguas negras), a infiltração das águas pluviais que lavam as sujidades das calçadas, ou mesmo locais com a presença de pombos e fezes de animais domésticos, tornam-se áreas de risco. Nestes trechos criam-se verdadeiras incubadoras de microrganismos patógenos que promovem as unheiras, as doenças de pele, a intoxicação gástrica e mesmo a contaminação de parasitas. O contato direto das areias no seu corpo, pés e mãos são verdadeiras portais de entrada de bactérias, fungos e parasitas.

A origem da contaminação das areias se dá pela lavagem das calçadas e ruas pelas chuvas cujo excesso de águas promove a mistura de produtos químicos (óleos e graxas dos veículos), microplásticos, além da matéria orgânica repleta de microrganismos patógenos (ovos de parasitas, bactérias e micróbios). O principal veículo de transporte são as águas pluviais que ao escoar pelas galerias de águas pluviais se contaminam com esgotos clandestinos e finalmente terminam nas praias seja pelo calçadão seja pelo extravasor de segurança das galerias. A areia da superfície da praia funciona como um filtro permitindo a infiltração das águas, mas retendo o material estranho e nocivo na camada superficial de 15 a 20cm.

Os vazios dessa camada superficial e o calor do dia promovem um ambiente propício para a incubação e proliferação desses microrganismos. Desta forma o risco de contágio de doenças oportunistas é muito elevado. Ao levar uma amostra de sedimentos contaminados para análise laboratorial é possível observar a presença de ovos de parasitas, fungos, bactérias e microplásticos que são verdadeiros vetores de doenças presentes em sedimentos urbanos contaminados de praias e praças públicas.

Portanto o risco de contaminação nas praias urbanas não se restringe somente a questão da balneabilidade de suas águas como também a qualidade de suas areias. Existe muita gente achando que não entrar na água evita-se o risco de contaminação. Contudo não conheço ninguém que vá a praia e não tenha contato direto com as areias, e estando contaminadas o risco permanece.

Como então se precaver e poder realizar um teste fácil para estimar a qualidade das areias caso a prefeitura da sua cidade não realize o monitoramento da contaminação das areias das praias?

Primeiramente, ao chegar na praia aproxime-se da linha d’água e pegue um punhado de areia seca da superfície. Depois procure um lugar onde pretende ficar e jogue esse punhado de areia no local. Observe se consegue perceber uma diferença significativa entre a cor das amostras de sedimentos. Caso não observe contraste significativo isso indica que o local está adequado e tem pouco risco de contaminação. Contudo se a diferença for marcante e se a tonalidade for mais escura, isso pode indicar a presença de finos provenientes da secagem e trituração por pisoteio do material contaminado que pode ter se espalhado no local durante um extravasamento(língua negra) ou mesmo a invasão de águas das chuvas que lavaram o calçadão e as ruas. 

Outra medida preventiva é ocupar áreas mais próximas da linha d’água e distantes do calçadão que margeiam as praias urbanas. Próximo à faixa da praia correspondente as linhas entre marés indica que o local é periodicamente lavado pelo mar. A alta insolação, o contato da salinidade e a variação da temperatura da superfície da praia são excelentes agentes para o decaimento dos organismos patógenos presentes em areias contaminadas. Não fique debaixo de coqueiros e árvores pois a sombra promove ambiente para proliferação microbiana além de ser local para pipi dos cães e zona de pastejo de pombos, verdadeiros agentes de disseminação de doenças.

Finalmente levar toalhas e cangas para evitar contato direto com as areias é outra excelente medida preventiva.

A prefeitura de balneários urbanos devem ter programas de monitoramento da qualidade das areias e balneabilidade principalmente em períodos de alta frequência de banhistas e turistas. Ainda mais agora com a questão da pandemia.

Por isso vá sempre preparado e alerta para esses pequenos detalhes que todos teremos uma maravilhosa experiência com o mar com menos risco de ter problemas e mais segura

David Zee.

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