A vida marinha invisível : Como o plâncton afeta a vida na Terra ?

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Enquanto formas de vida abundantes em todos os tipos de ecossistemas aquáticos, o termo “plâncton” configura uma categoria de seres vivos. Essa categoria, no entanto, não diz respeito a relações de parentesco, mas sim a certas características de ocupação do ambiente aquático. Todos os organismos que são levados ao sabor das correntes, deslocando-se passivamente  por conta da baixa capacidade natatória, compõem o plâncton. Essas são formas de vida quase inteiramente microscópicas e dividem-se em duas subcategorias. O fitoplâncton, que abrange os principais seres fotossintetizantes do ambiente marinho, é representado por microalgas e algumas bactérias. Já o zooplâncton compreende o plâncton de origem animal, sendo representado por alguns invertebrados adultos, e larvas de diversas espécies.

Um dos responsáveis pela existência da vida como conhecemos hoje é o fitoplâncton marinho, mais especificamente as cianobactérias, que foram as primeiras formas de vida a produzirem oxigênio. Esses minúsculos organismos produziram e acumularam o oxigênio existente na atmosfera há cerca de 2 bilhões de anos atrás. Esse evento permitiu a existência de organismos que consomem oxigênio, assim como nós, seres humanos. Além do mais, o fitoplâncton de maneira geral é responsável por grande parte da produção primária mundial. Tal fato permite que a matéria orgânica gerada a partir da energia solar, seja consumida por organismos superiores sendo uma fonte de energia essencial para diversas espécies animais.

Uma das maneiras de avaliar as condições de saúde de um ambiente aquático é por meio da observação do zooplâncton, pois estes são eficientes indicadores biológicos. Sendo extremamente sensíveis a mudanças ambientais, eles podem nos informar sobre alterações na temperatura, níveis de nutrientes e poluição. Todos esses efeitos podem ser deduzidos através da avaliação da abundância, diversidade, e tamanho corporal das espécies. Esses organismos também desempenham um papel fundamental na cadeia alimentar de certas espécies marinhas, alimentando desde pequenas sardinhas até baleias. Sendo assim, a redução da presença do zooplâncton pode afetar diversas outras comunidades animais. No entanto, o tamanho das comunidades zooplanctônicas também podem ser reflexo da alta disponibilidade de fitoplâncton no ambiente. 

Alguns fenômenos conhecidos também envolvem o plâncton, podendo ou não representar um risco para o ambiente em que se encontram. A maré vermelha, por exemplo, consiste em um grande aumento da população de microalgas (dinoflagelados), liberando substâncias tóxicas em alta concentração e provocando a morte de diversas espécies locais. Esse crescimento da população de dinoflagelados pode ocorrer de forma natural, em resposta ao aumento de temperatura das águas e diminuição da salinidade do mar. Por outro lado, pode também ser reflexo da atividade humana, sendo provocada por excesso de nutrientes, em casos de esgotos não tratados e poluição urbana. Além de afetar as espécies locais, a maré vermelha indiretamente afeta as comunidades que dependem dessas espécies como fonte de alimento.

Apesar de representarem uma grande biodiversidade invisível, o plâncton é muito presente no nosso cotidiano. A formação do petróleo, por exemplo, se deve em grande parte à decomposição do plâncton marinho, que é coberto e aprisionado por sedimento, ao longo de dezenas de milhões de anos.

Formação do petróeo (esquema). Fonte: https://energyeducation.ca/encyclopedia/Oil_formation 

As diatomáceas são microalgas compostas por uma única célula com parede rígida, impregnada por sílica (composto base na fabricação de vidro). A deposição dos seus fósseis no fundo dos ambientes aquáticos dá origem a uma rocha porosa, com diversas aplicações industriais, produzindo desde tintas, tijolos e suplementos alimentares até material odontológico. 

Diatomácea. Fonte: https://www.sciencephoto.com/media/16048/view/diatom-sem 
Suplemento alimentar de “terra de diatomáceas” (rocha porosa). Fonte : https://www.sciencephoto.com/media/16048/view/diatom-sem 

Sendo assim, pode-se compreender o plâncton como um fator de extrema importância na nossa existência, uma vez que é graças a ele que dispomos de oxigênio para sobrevivência, que diversas espécies aquáticas se alimentam, e que temos múltiplos avanços tecnológicos. No entanto, mudanças bruscas de temperatura e poluição dos oceanos podem causar sérios desequilíbrios nessas formas de vida. Por mais que seja praticamente invisível aos nossos olhos, o plâncton é essencial em nossas vidas e por isso deve ser conhecido e preservado. 

Escrito por: João Pedro de Oliveira Santos Guinarte

Referências bibliográficas: 

FALKOWSKI, P. Ocean Science: The power of plankton. Nature 483, S17–S20 (2012). https://doi.org/10.1038/483S17a 

LINDSEY, R.; SCOTT, M. What are phytoplankton? 13/06/2010. Disponível em: https://earthobservatory.nasa.gov/features/Phytoplankton . Acesso em: 05/10/2022.

LUBIANA, K. M. F. O fitoplâncton marinho. jul, 2015. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/320108210_O_fitoplancton_marinho . Acesso em: 05/10/2022.

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