Bioacumulação e biomagnificação são processos distintos, apesar de estarem diretamente relacionados. Ambos tratam do acúmulo de substâncias químicas, em concentrações cada vez maiores, no organismo dos animais e, consequentemente, na cadeia alimentar. Entretanto, esses dois termos não são sinônimos, possuindo algumas diferenças importantes que vamos esclarecer.
O aumento da atividade agrícola, industrial e mineradora intensificou o uso de substâncias químicas com grande potencial tóxico, ameaçando diversos ecossistemas, principalmente os aquáticos. Algumas dessas substâncias possuem características químicas que as tornam poluentes persistentes, ou seja, de difícil deterioração. Dessa forma, eles permanecem no ambiente por longos períodos, contaminando o solo e os corpos d’água, até finalmente chegarem ao mar. Alguns exemplos dessas substâncias são os metais pesados como o mercúrio, o chumbo e o cádmio, presentes em aparelhos eletrônicos, utilizados na indústria metalúrgica, no garimpo, entre outras atividades. Outro exemplo são os pesticidas e agrotóxicos, como o famoso DDT, utilizado em larga escala após a 2ª Guerra Mundial.
Esses poluentes podem ser assimilados de maneira direta, quando um organismo o absorve por meio da água ou do sedimento, o que normalmente ocorre em níveis mais baixos da teia alimentar. Também pode ocorrer assimilação indireta, quando o animal ingere alimento já contaminado. No ambiente aquático, muitas vezes ocorrem as duas formas de assimilação de forma simultânea. Esse organismo não é capaz de metabolizar a substância e ela se acumula nos seus tecidos, em concentrações que aumentam ao longo da vida do animal devido ao maior tempo de exposição ao poluente. Assim, indivíduos mais velhos costumam apresentar maiores concentrações. Esse é o processo de bioacumulação.
Já a biomagnificação é o processo de acúmulo progressivo dessa determinada substância ao longo da teia alimentar. Como o poluente se acumula nos organismos, a predação faz com que ocorra contaminação indireta. Um animal pequeno, que está contaminado, serve de alimento para um animal maior, e esse ciclo se mantém até chegar aos predadores de topo, nos quais as concentrações dessas substâncias tóxicas são mais altas.
Muitas dessas substâncias químicas são tóxicas e estão associadas a transtornos neurológicos e disfunções reprodutivas, ameaçando a saúde de espécies aquáticas e também a saúde humana. As populações mais afetadas são as vítimas de desastres socioambientais, como os casos de rompimento de barragens de rejeitos da mineração; ou ainda aquelas populações que dependem diretamente do pescado, como comunidades tradicionais pesqueiras e comunidades indígenas.
Portanto, já sabemos que nos grandes aglomerados urbanos e industriais os efluentes líquidos contaminados de produtos químicos devem sofrer severo e constante monitoramento para evitar que se liberem sem o devido tratamento, pois envenenam silenciosamente a natureza e a nós mesmos.
Escrito por: Januário Campos de Amorim
Referências Bibliográficas
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