Escrito por Natália da Silva Menezes/ Edição: Gabriela Lima
Fenômenos meteorológicos como furacões e tornados costumam assustar facilmente as pessoas pelo seu alto potencial destrutivo, porém poucas sabem a diferença entre eles, ou ainda que são eventos distintos: a maioria de nós pensa em um funil de ventos girando rapidamente e sugando tudo o que tem ao redor. Apesar de seu poder destruidor ser realmente alto e assustador, tornados, ciclones e furacões não são a mesma coisa. Cada um deles tem características bem marcantes e que podem facilmente diferenciá-los.
Mas, primeiramente, vamos ao que eles têm em comum: todos são eventos meteorológicos que se concentram em um centro de baixa pressão, onde seus ventos giram ao redor desse centro, de modo a formar o famoso funil e, consequentemente, seu “olho”. Além disso, ambas as formações estão normalmente associadas à instabilidade meteorológica, frentes frias ou tempestades.
Tornados
Tornados estão geralmente associados a uma única tempestade e sua formação ocorre normalmente no continente (quando acontecem sobre corpos d’água, são denominados trombas d’água). Seu diâmetro pode chegar a até algumas centenas de metros, sua trajetória geralmente é de alguns pouco quilômetros e sua duração é curta, de 10 a 15 minutos, até se dissipar. Apesar da curta duração e de possuir escala relativamente pequena, a velocidade dos ventos de um tornado pode chegar a mais de 420 km/h, o que torna o seu poder destrutivo local altíssimo, graças à sua alta energia. Podem levantar casas inteiras e destruí-las, arrancar postes, árvores, arremessar carros, dentre diversos outros danos.
A escala Fujita, criada pelo Dr. Ted Fujita da Universidade de Chicago em 1971, é uma das escalas mais usadas para classificar a intensidade de um tornado. Com divisões de F0 a F5, a escala utiliza-se da velocidade máxima dos ventos do tornado para avaliar de forma teórica os danos típicos para aquela classificação.
Tabela 1 – Escala Fujita. Fonte: NOAA – Storm Predection Center, 2016/Secretaria de Educação do Paraná, 2016.
Aqui no Brasil,um dos maiores casos de tornado ocorreu em Xanxerê, Santa Catarina, em 20 de abril de 2015. Com 2 mortos e 120 feridos, a cidade viu o tornado danificar pelo menos 2,6 mil casas e deixar mais de mil pessoas desabrigadas, além de destruir torres de energia e capotar carros. Na época, meteorologistas do Inmet avaliaram a classificação do tornado entre o F2 e F3, com danos de moderados a severos.
Ciclones
A formação de ciclones está associada à dinâmica entre a atmosfera e o oceano, logo ciclones se formam no mar. Dentro da estrutura de um ciclone podem existir dezenas de tempestades ao mesmo tempo, e sua duração pode chegar a vários dias. Sua escala é muito maior que a de um tornado, sendo registrado ciclones com centenas de quilômetros de diâmetro. A intensidade dos ventos de ciclones costuma ser bem mais baixa que a de um tornado, mas a magnitude e duração dos ciclones os tornam tão ou mais perigosos, além do fato de percorrerem distâncias muito maiores que a de tornados.
Ciclones são divididos em três tipos: extratropicais, subtropicais e tropicais. Os extratropicais têm ventos mais fracos que os outros dois tipos e são frequentes responsáveis por derrubar nossas temperaturas e trazer com fortes chuvas. Dos três tipos, é o mais fraco. Já os ciclones tropicais são raríssimos no nosso oceano, são bem mais intensos que os extratropicais, pois seus ventos podem atingir velocidades altíssimas. Sua formação se diferencia bastante da dos ciclones extratropicais, assim como sua dinâmica física e térmica. Os subtropicais são um meio termo entre ambos, também raros no Atlântico Sul.
Os ciclones tropicais e subtropicais são classificados através da velocidade máxima de seus ventos, assim como tornados. A escala que classifica ciclones tropicais é chamada de Saffir-Simpson, em homenagem aos seus criadores Herbert Saffir e Robert Simpson, que a proporam em 1970.
Tabela 2 – Classificação dos Ciclones Subtropicais. Fonte: NOAA – National Hurricane Center, 2016.
Tabela 3 – Classificação dos Ciclones Tropicais. Fonte: NOAA – National Hurricane Center, 2016.
Como podemos ver, furacões são, na verdade, um tipo de ciclone tropical. Furacões ocorrem quando ventos em ciclones tropicais atingem velocidades maiores que 119 km/h.
Oceanos mais quentes possuem maior probabilidade de ocorrência de ciclones tropicais e subtropicais, os mais destrutivos dos três tipos. Esse é o caso do norte do Atlântico (vide diversos casos de furacões nos Estados Unidos, por exemplo). No Atlântico Sul, oceano que banha o Brasil, acreditava-se que possuía água muito frias para esses eventos extremos. Porém, em 2004, o furacão Catarina (classificado como classe 1) nos abriu os olhos para a possibilidade de nosso país entrar na rota desses fenômenos. Desde esse ano, mais 4 ciclones raros se formaram em nosso oceano, o que também levanta discussões sobre a influência do aquecimento global e das mudanças climáticas em nossas vidas nos próximos anos.
Natália da Silva Menezes