Maremotriz: a nova geração das energias limpas

Quando se fala em matrizes energéticas limpas, é comum a associação direta com a energia solar e a eólica. Porém, há outros tipos de energia menos implementados que são amigáveis ao meio ambiente e de grande potencial para o Brasil.

Primeiramente, para entender os novos meios de produção energética, é necessário compreender quais os nossos objetivos para o futuro. O principal influenciador para a mudança na produção de energia atual é o Acordo de Paris. Assinado em 2015 por 195 países, ele visa a diminuição da emissão de carbono por atividades antrópicas. Para isso, diversas estratégias foram adotadas, inclusive o maior investimento em energia limpa, ou seja, aquela que não emite gases que colaboram para o aumento do efeito estufa. As energias limpas não necessariamente têm impacto zero no meio ambiente, mas cada vez mais energias com menos impactos estão sendo procuradas visto que a consciência ambiental da sociedade tem aumentado nos últimos anos.

A matriz energética brasileira, assim como a mundial, atualmente tem como principal fonte o petróleo e seus derivados, que além de serem recursos finitos na natureza também são emissores de gases estufa. Com o acordo de Paris é necessário mudar essa realidade, portanto é importante investir investir em energias diferentes das produzidas atualmente. Uma solução muito viável para solucionar esse problema no território brasileiro é a implementação da maremotriz, além da energia solar e da eólica, já citadas anteriormente.

A energia maremotriz é aquela produzida usando-se a passagem de água do mar, sendo usada de três principais formas: amplitude de maré, movimento de ondas e correntes marítimas. Na primeira, a água da maré alta é armazenada e na baixa de maré é liberada, assim sua vazão roda uma turbina gerando energia elétrica. Já a geração com a passagem de ondas ocorre com a movimentação de flutuadores ligados a circuitos pressurizados de água doce. No final do percurso essa água é despejada sobre uma turbina, fazendo-a girar e assim produzindo a energia elétrica. E por último, a movida à correntes marítimas se assemelha à uma turbina eólica, mas submersa.

A única usina maremotriz existente no Brasil se encontrava no Ceará. Porém, por ainda estar em fase de testes no Brasil, esse tipo de geração de energia ainda é muito caro. Apesar do preço o investimento é válido, uma vez que o retorno dessa energia seria imenso.

O Brasil possui mais de 9 mil quilômetros de litoral, portanto a área para implementação de usinas é extensa. Além disso, no nordeste há a constância de ventos alísios, que produzem grande movimentação superficial da água, promissora para essa produção de energia através das ondas.   Ademais, a corrente que percorre o litoral brasileiro por ser costeira e ficar à oeste do oceano, ou seja, à leste do continente, é uma corrente rápida e pressurizada, que potencializa a produção por turbinas diretas. E, por fim, beneficiando a produção pela amplitude de maré, a soma de diversos fatores, como a proximidade do equador e o formato do litoral, fazem com que São Luís, a capital do maranhão, tenha a terceira maior variação de maré do mundo.

Apresentados os dados, vê-se que estamos lidando com uma tecnologia que será o futuro da matriz energética do nosso país, portanto, torna-se de importância extrema o estudo dessa área, tanto para a produção de uma energia limpa que colabore com o Acordo de Paris quanto para a diminuição cada vez maior dos impactos ambientais antrópicos, que já estão em níveis alarmantes para o nosso planeta.

Paula Charnaux

Fontes:
http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/mar/mar.html
http://epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica
https://g1.globo.com/ma/maranhao/maranhao-natureza/noticia/variacao-de-mare-no-maranhao-e-uma-das-maiores-do-mundo.ghtml
GARRISSON, Tom. Fundamentos da Oceanografia. 7a edição