Olá, me chamo Roberta Bonturi e participo do projeto do blog Olhar Oceanográfico desde 2017. Eu, junto com a minha turma do período 2016.1 da Oceanografia UERJ tivemos a oportunidade de realizar uma atividade de campo na Bahia! Vou contar um pouco sobre o curso e sua importância, como foi essa experiência em campo e o que nós fizemos durante essa expedição.
Oceanografia é um curso relativamente novo. Em 1971 nascia, na Universidade Federal do Rio Grande, o curso de Oceanologia, como é conhecido lá no sul. Hoje temos 13 instituições de ensino no Brasil que oferecem o curso para a comunidade. Aqui na UERJ, a Oceanografia formou a primeira turma em 1983 e é administrada pela Faculdade de Oceanografia – FAOC. A duração do curso é de no mínimo 10 períodos divididos em 5 áreas de conhecimento (Oceanografia Física, Oceanografia Química, Oceanografia Geológica, Oceanografia Biológica e Meteorologia) que são ministradas através de aulas teóricas e de campo.
Algumas disciplinas, como Fundamentos de Biologia, Geologia Geral, Ecologia Marinha e Oceanografia Biológica, exigem aulas de campo como método de aprendizagem para desenvolver habilidades práticas e técnicas: de coleta, triagem de material, conservação de amostras, análise física local e laboratorial, preparo de relatório, entre outras. É interessante salientar que o curso é interdisciplinar, ou seja, os estudos de todas as áreas se ligam e se complementam.
Neste período, os alunos da disciplina Oceanografia Biológica II participaram de atividades em campo na Bahia entre os dias 18 e 23 de junho. A primeira parada foi em Caravelas, um município da Bahia que abriga diversos ecossistemas importantes em nosso estudo, como estuário, manguezal e praia arenosa. Neste campo, exploramos os aspectos físicos, químicos e biológicos de cada sistema e ainda fizemos diariamente a previsão meteorológica da região, junto com nossos professores.
Em nosso estudo, na parte da Oceanografia Biológica, analisamos a diversidade qualitativa e quantitativa dos organismos bentônicos (organismos que vivem associados aos substratos de ambientes aquáticos) da Praia do Grauçá e do estuário do Rio de Caravelas. Estes ambientes são habitat de diversas comunidades como moluscos e crustáceos, que são organismos super-resistentes, visto que estes sistemas passam por variações físicas e químicas diárias devido às marés.
Em Oceanografia Química, coletamos amostras de água para análise de salinidade (concentração de sais dissolvidos), condutividade (concentrações iônicas), pH (indica o grau de acidez) e turbidez (concentração de partículas na água que dificultam a entrada de luz). Estas análises são importantes para a determinação da qualidade d’água.
Já na parte de Oceanografia Física realizamos a análise da temperatura da água, medimos a velocidade das correntes superficiais e de fundo, estruturamos o perfil topográfico e a declividade da praia arenosa, além de observarmos as variações da maré nos diversos ambientes. Nós levamos equipamentos supermodernos da UERJ que são necessários para a realização do campo e também teve a confecção de instrumentos de última hora. Um bom oceanógrafo também tem que ser criativo e botar a mão na massa para enfrentar os desafios inesperados no campo.
A última parada foi no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, onde abriga a principal formação de recifes de corais do Atlântico Sul. Durante o trajeto pudemos observar a mudança da coloração da água indo de um marrom escuro para o azul único daquela região, que é considerado o berço da baleia Jubarte, onde fazem dessa região seu refúgio de amamentação e reprodução, entre os meses de junho e novembro. Lá conhecemos o Projeto Baleia Jubarte e os projetos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ICMBio. Nós praticamos mergulho para conhecer de perto a beleza e conservação desse paraíso natural e no final do dia, nos despedimos da Bahia com o show das exuberantes Baleias Jubartes e um lindo pôr do sol.
Poder estudar esses ambientes e realizar na prática o que é transmitido dentro de sala de aula é uma experiência única e que levamos para a vida. É muito importante que, não só a Oceanografia, mas também os outros cursos possam oferecer essas atividades em campo tendo apoio da universidade e da própria comunidade. Mais incentivo à educação, aplicando mais recursos para a realização de mais atividades de campo também é interessante, pois os resultados dessas análises fornecem dados e informações tanto para pesquisa, quanto para a sociedade, além de conhecimento para conservação dos organismos da fauna e flora dos ambientes estudados.
Roberta Bonturi
Muito interessante Roberta, as atividades de campo e laboratoriais são importantíssimas para a fixação de conceitos e para a aprendizagem prática. Deve ser um curso muito legal a Oceanografia. Parabéns!!!