Recuperação Ambiental da Bacia do Rio Doce: Qualidade d’água e Pesca

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Escrito por David Zee/ Editado por Gabriela Lima

No dia 05/11/2015 a barragem do Fundão, no município de Mariana, se rompeu fazendo transbordar a barragem de Santarém, liberando instantaneamente 62 milhões de m³ de rejeitos de minério, destruindo o subdistrito de Bento Rodrigues, matando 19 pessoas e deixando centenas de desabrigados.

Foram liberados 62 milhões de m³ de resíduos formando uma onda de lama liquefeita que percorreu cerca de 7 km de vales, devastando uma área de aproximadamente 5,4 km², até encontrar o rio Gualaxo do Norte em duas localidades.

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Figura 1: Imagem de satélite do Google Earth mostrando a localização das barragens e áreas afetadas pela lama. E1 e E2 correspondem aos pontos de entrada da lama no Rio Doce.

O material fino dos rejeitos liberados continuam purgando para dentro dos rios em épocas de chuva afetando 663 km ao longo dos rios Gualaxo do Norte, Carmo e Doce até atingir o mar em Regência, no município de Linhares – ES.

O rompimento da barragem do Fundão foi o maior acidente com barragens de rejeitos que se tem conhecimento.

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Figura 2: Gráfico dos maiores acidentes de barragens de rejeito de minério no mundo quanto ao volume vazado em milhões de m³.
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Figura 3: Gráfico dos maiores acidentes de barragens de minério no mundo quanto à dispersão em km.

Diagnóstico – Impactos na Qualidade da água

  • Aumento da turbidez da água;
  • Perda da transparência e alteração da cor da água;
  • Assoreamento do leito fluvial e barragens;
  • Aumento da concentração de metais dissolvidos

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Figura 4: Imagem de satélite mostrando a dispersão da mancha no mar. Fonte: IBAMA

Diagnóstico – Impactos na Pesca

  • Contaminação do pescado por metais;
  • Diminuição da produtividade primária;
  • Alteração dos processos ecológicos;
  • Foram recolhidas 11 toneladas de peixes mortos ao longo dos corpos hídricos afetados.
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Figura 5: Peixes morrendo por asfixia devido aos baixos níveis de oxigênio e entupimento das brânquias causados pela lama.
  • Principais espécies afetadas (Água Salgada):

– Peroá, Robalo, Roncador

  • Principais espécies afetadas (Água Doce):

– Curimbatá, Mandi, Tucunaré, Dourado, Traíra, Tilápia

  • Percepção de contaminação do pescado;
  • Proibição da pesca no Espírito Santo;
  • Redução da produção pesqueira;
  • Diminuição na renda dos pescadores;
  • Lucro cessante.

Objetivos da recuperação
1) Apresentar alternativas para mitigar prejuízos ambientais e sociais:

  • Qualidade da água:

– Remoção dos colóides (textura) e recuperação da transparência da água.

  • Recuperação da pesca:
  • Avaliar prejuízo da pesca e compensação;
  • Repovoamento do Rio Doce.
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Figura 6: Método de FlotFlux para o tratamento da água.

Ferramentas de ação:
1) Ferramenta Hídrica: UTR (Unidade de Tratamento de Rio)

  • Recuperação da Transparência das águas;
  • Instrumento de polimento final das águas residuais de dragagem;
  • Filtragem final na calha dos rios;
  • Tratamento e filtragem da tintura das águas para repovoamento dos rios e uso urbano da água para lazer e consumo.
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Figura 7: Exemplo de uma Unidade de Tratamento de Rio em operação, UTR de Arroio Fundo no Rio de Janeiro.

2) Ferramenta Social

  • Bases e Premissas para estudo de avaliação da redução da pesca para efeito compensatório;
  • Estudo da depressão da pesca e medidas de recuperação (repovoamento) no Rio Doce e litoral.
  • Estabelecimento de premissas e critérios de avaliação para compensação da depreciação da pesca artesanal e medidas para recuperação.

Alexandre Carlos Barreto e Maria Carolina Chalegre Touceira
Glossário:
purgando – levando as impurezas do metal para dentro do rio.

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