RESTINGA: Proteja a sua Praia

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Restingas são ecossistemas costeiros formados pela deposição e acúmulo de sedimentos transportados ao longo do litoral dando origem a praias paradisíacas. Esse tipo de ecossistema costeiro é muito instável, pois depende do equilíbrio de atuação de inúmeras forças oceânicas que, trabalhando conjuntamente, formam mosaicos belíssimos de vegetação, lagunas e dunas. Em função da sua beleza, desperta o interesse da ocupação humana que, não entendendo o seu frágil equilíbrio, pode pôr tudo a perder pelo seu uso inconsequente. Por isso, vamos entender um pouco da sua importância e como se formam para saber usufrui-lo com sabedoria, sem destruí-lo.

Restinga da Marambaia, Rio de Janeiro-RJ

Restingas são enormes depósitos de sedimentos que foram trabalhados pelo tempo (intemperismo), transportados pelos rios, ondas, correntes costeiras, ventos e finalmente se acumulam, em geral, paralelamente à linha de costa.

A variação térmica diária e as chuvas intemperizam as rochas e as transformam em sedimentos que são carreados para os rios que, por sua vez, transportam para o mar. Já pensou que o acúmulo desses sedimentos demora centenas de anos até que sejam disponibilizados para o transporte pelas correntes e ondas marinhas distribuindo-os ao longo do litoral? Dependendo da variação do nível do mar, como também das marés, somado com a direção de entrada das ondas e das correntes litorâneas os sedimentos irão ser acumulados em maior ou menor quantidade em determinados trechos do litoral por onde passam. Assim o nosso litoral vai ter diferentes cenários e um desses cenários é a restinga!

Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, Quissamã-RJ

Essas montanhas de sedimentos depositados ao longo de milhares de anos propiciam a formação de lagunas e o assentamento de uma vegetação típica. As plantas que conseguem sobreviver nesses ambientes costeiros com amplitudes térmicas elevadas (altíssimas temperaturas  durante o dia e o frio noturno), pouca água e ataque da salinidade trazida pela brisa marinha (maresia), devem ser realmente especiais! Essa cobertura vegetal singular fornece abrigo e alimentação a uma fauna igualmente irada! Répteis e anfíbios (lagartos, pererecas), crustáceos (caranguejos), aracnídeos (aranhas, escorpião), aves (corujas, gavião) e mamíferos (micos) são alguns encontrados em restingas saudáveis. Destruir a vegetação de restinga com passeios de bugre e pisoteio significa retirar o abrigo desses organismos e expô-los ao desaparecimento.

Em função da crescente agressividade do mar decorrente das mudanças climáticas, a proteção do nosso litoral depende desse estoque de sedimentos acumulados e da vegetação assentada como uma primeira barreira contra o avanço das águas do mar. As dunas e as lagunas aumentam a resiliência do litoral contra as ressacas e as chuvas torrenciais.

Outra importante função das restingas é ser habitat de inúmeras espécies de animais e insetos contribuindo para a riqueza da nossa biodiversidade que pode inclusive fornecer princípios ativos para fármacos e vacinas beneficiando a humanidade. Para tanto, basta investimentos para a pesquisa e bom planejamento para a conservação desses ecossistemas. Descaracterizar esta unidade fisiográfica unicamente para o assentamento urbano destrói a sua principal qualidade ambiental transformando o espaço em um árido deserto, literalmente.

O uso sustentável do espaço é possível desde que haja investimentos em pesquisas aplicadas de modo que se garanta a manutenção da dinâmica orgânica do ecossistema intacto e perene. Desse modo, antes de autorizar a ocupação controlada, é necessário comprovar os limites de usos seguros do ecossistema. Até porque somente a qualidade ambiental é que promove a qualidade de vida e o interesse do turismo e do lazer. Sem a garantia da manutenção da restinga o espaço se transforma num deserto.

Assim, é questão de sabedoria saber manter a legislação que garanta a conservação das restingas. Estas precisaram de centenas de anos para ser edificadas pela natureza. O homem, por ignorância e precipitação, não está sabendo fazer o uso mais inteligente deste bem ambiental ao deixá-lo exposto à destruição.

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