Cerca de 25 milhões de toneladas de lixo entram no mar todo ano. Deste montante, estima-se que até 80% é composto por resíduos plásticos. Mas de onde vem todo este lixo? As atividades de pesca e a má gestão de resíduos sólidos nas cidades são as principais origens.
A perda de equipamentos de pesca em alto mar é uma das principais fontes de plástico nos oceanos, representando cerca de 27% de todo o lixo marinho. Ela ocorre principalmente pelo abandono de redes e de linhas de pesca. A consequência mais direta da presença destes equipamentos no oceano é a pesca fantasma, que é o aprisionamento de animais nestes equipamentos abandonados. Os animais que se encontram nesta situação acabam perdendo a mobilidade, o que prejudica a sua fuga quando encontrados por predadores e também a busca por alimentos.
FOTO DE JORDI CHIAS
Mas a maior proporção do lixo encontrado nos oceanos é composta por resíduos de plásticos descartáveis como garrafas, pacotes de comida e sacolas plásticas. Estes itens compõem cerca de 49% de todo o lixo presente nos oceanos.
Esta quantidade é resultado da tendência mundial de utilização de produtos descartáveis. Este cenário vem crescendo nas últimas décadas e decorre tanto da conveniência do consumidor pelo uso de embalagens descartáveis quanto da redução de custos para os produtores e comerciantes. Essa conveniência tem um alto custo ambiental que já estamos pagando com a perda de ecossistemas e os prejuízos à fauna marinha. A grande causa da entrada de lixo nos oceanos é a má gestão dos resíduos produzidos. No caso de resíduos plásticos há ainda um impacto ainda maior causado pela sua durabilidade e pela sua capacidade de se fragmentar em partículas microscópicas. As partículas plásticas tem a capacidade de manchar o colorido natural das areias das praias além de poderem ser ingeridas pelos animais tornando-se um risco para a sua sobrevivência.
Foto Luis Pellegrini
Resíduos plásticos conseguem permanecer no ambiente marinho por pelo menos algumas centenas de anos. Durante este tempo, sujeitam animais marinhos à ingestão e ao aprisionamento, podendo inclusive ser vetores de doenças e de espécies invasoras, além de prejudicar o crescimento de plantas.
Contudo, o problema que vem ganhando maior destaque é a fragmentação destes resíduos gerando pequenas partículas, conhecidas como microplásticos. Estes pequenos fragmentos estão reconhecidamente presentes em todo o oceano e na maioria dos corpos d’água. Embora a principal fonte de microplásticos seja o processo de deterioração dos resíduos plásticos gerados no continente, há ainda aqueles que entram no ambiente marinho por meio de acidentes ou perdas eventuais ocorridas no transporte de partículas plásticas como nurdles ou pellets que servem como matéria prima para produtos plásticos finais – como os produtos descartáveis que citamos.
Assim, como podem ver o problema da poluição dos oceanos por resíduos plásticos envolve diversos níveis da cadeia produtiva e consumidora da sociedade. Por outro lado, a solução deve partir de todos os agentes que se beneficiam da utilização do material. Desde os fabricantes, àqueles que utilizam os produtos plásticos em suas operações e o próprio consumidor final.
Portanto fique atento, pois você pode estar também contribuindo com o envenenamento por plásticos dos oceanos. Pense, reflita e recicle. Seja parte da solução e não do problema.
Escrito por: Gabriel Maurício Motta
Referências Bibliográficas
https://www.ecycle.com.br/lixo-no-mar-oceano-lixo-oceanico-destino/
https://revistapesquisa.fapesp.br/a-ameaca-dos-microplasticos/