Chegando o verão todo mundo quer curtir uma praia com muito sol e ficar a maior parte do tempo na água. As caminhadas a beira mar e mesmo nos rochedos devem ser realizadas com muito cuidado para não acontecer problemas dolorosos. É muito comum o banhista ter contato com animais peçonhentos cujos ferrões e espinhos injetam toxinas dolorosas e que podem estragar um belo dia de mar. Vamos falar de alguns desses animais e como devemos proceder em caso de acidentes.
Dentre os animais de maior risco de acidentes nas praias podemos citar as arraias, a água viva, o ouriço do mar e o bagre.
Um passeio de fim de tarde, mergulhando os pés em águas rasas a beira mar, pode haver risco de pisar sobre uma arraia semi-enterrada no fundo arenoso. Ao ser pisada a arraia se defende cravando sua cauda com ferrões no pé ou perna do banhista. Nesse momento se libera um veneno muito doloroso e que pode até necrosar o tecido da vítima. As arraias tem um ferrão que produz um veneno de efeito neurotóxico e proteolítico (capacidade de necrosar). Existe risco da vítima ter que amputar um membro pois muitas vezes não é reversível e pode acontecer de permanecer pedaços do ferrão na perna havendo risco de infecção. Como tratamento emergencial limpe o local suavemente com água salgada e procure não retirar pois o ferrão é serrilhado e qualquer precipitação agravará ainda mais a situação. O melhor é ir imediatamente ao hospital pois existem equipamentos muito mais adequados para remover completamente os fragmentos do ferrão. Mergulhar o pé em água quente ajuda a aliviar a dor pois o calor neutraliza o veneno. Steve Irwin, mundialmente famoso como “O Caçador de Crocodilos”, morreu quando uma arraia perfurou seu coração com seu ferrão.
Tão bela como perigosas são as águas vivas. Este invertebrado marinho pertence a família dos cnidários. Possuem diferentes formas, cores e tamanhos. Podem medir desde alguns milímetros e atingir diâmetros de 3 metros. Algumas águas vivas quando perturbadas a noite podem produzir bioluminescência. A água viva é capaz de produzir um veneno muito agressivo que podem até matar. O perigo está exatamente nos tentáculos que ela usa para predar pequenos peixes da sua dieta. Os tentáculos da água viva são cobertos por milhares de células que picam e injetam toxinas chamadas de cnidócitos. Elas produzem uma substância urticante capaz de afastar predadores e paralisar suas presas.
Geralmente nas praias quando ocorrem acidentes de banhistas com aguas vivas nem sempre são tomadas providências acertadas. Uma pessoa que teve contato com águas vivas e esteja sofrendo queimação, jamais deve passar toalha, areia e muito menos as mãos sem proteção adequada. Ao esfregar rompe-se as milhares de bolsas cheias de veneno dessas células e espalhasse ainda mais o problema. Também não se deve lavar com água doce pois estimula o lançamento do veneno sobre a pele. O ideal é lavar com água do mar e se tiver disponível usar vinagre de cozinha que inibe a ação do veneno. Caso encontre um palito ou graveto pode-se retirar com cuidado os filamentos grudados na pele ou mesmo usar um cartão de crédito para raspar com cuidado os pedaços dos tentáculos grudados na pele. Contudo o ideal é levar o mais rapidamente ao hospital pois existem equipamentos e medicação mais adequada para estancar as dores e evitar complicações.
Caminhadas exploratórias sobre pedras e rochedos devem ser realizadas com muito cuidado pois em suas reentrâncias costumam ser local dos ouriços do mar e cujos espinhos são muito perigosos. O ouriço pode ser encontrado na zona intermarés e em aguas rasas. Tem formato arredondado e coberto de espinhos venenosos. Os acidentes ocorrem quando as pessoas não prestam atenção onde pisam e podem mergulhar seus pés sobre um aglomerado de ouriços. A dor é muito forte mesmo. Ao se desequilibrar e tentam se apoiar novamente podem comprometer as mãos também. Ou seja, você piora ainda mais a situação. Os espinhos ao penetrar na pele se rompem e injetam veneno. Com certeza os pedaços dos espinhos devem ser retirados sob o risco de inflamação e piora da situação. Com ajuda de pinça ou agulha e uma boa dose de paciência e sofrimento os fragmentos devem ser retirados evitando o contato prolongado do veneno. Caso a extensão da ferida e da dor esteja elevada sugere-se mergulhar o membro afetado em água quente por 30 minutos pois costuma aliviar. Além de amolecer a pele e facilitar a extração dos espinhos, evita-se a ação do veneno.
Os bagres marinhos são peixes da família Ariidae. No Brasil, devido a sua abundância, causam inúmeros acidentes anualmente. O campeão de problemas é o bagre amarelo (Cathorops spixii). Os bagres são encontrados em águas costeiras rasas e com fundo lodoso ou arenoso. Próximos de embocaduras de rios que lançam suas águas em estuários, baías e praias pode haver a presença de bagres. O bagre é um peixe que possui 3 ferrões venenosos, sendo dois nas nadadeiras laterais e um no seu dorso. Acidentes com bagres ocorrem ao pisar em águas rasas ou mesmo durante uma pescaria. A falta de perícia em soltar o peixe do anzol pode provocar acidentes nas mãos ou mesmo pisar no dorso deste peixe enterrado no fundo lodoso de uma baía. O ferrão do bagre é serrilhado e penetra com facilidade nas mãos ou na sola dos pés. O grande problema está na retirada pois os dentes serrilhados do ferrão impedem uma saída sem problemas. A retirada açodada pode rasgar todo tecido e agravar ainda mais a ferida.
Ao sofrer um acidente com bagre não tente retirar sem ajuda de outra pessoa. Primeiro corte o ferrão fora do peixe. Se estiver com muita dor devido ao veneno mergulhe a parte ferida em água quente que ajuda a neutralizar o veneno e ao mesmo tempo, limpa a ferida. Procure ir o mais rápido possível para um hospital que poderá realizar a cirurgia de retirada com anestesia e equipamentos adequados. Arrancar de qualquer jeito agrava ainda mais podendo aumentar o período de recuperação.
Portanto fique esperto em saber como lidar com esses possíveis acidentes de verão. Não deixe que a imprudência estrague suas férias nas praias.
David Zee