No Brasil, 48% da população não tem acesso a saneamento básico. Uma parte considerável dos corpos hídricos costeiros no Brasil recebe esgoto in natura (sem nenhum tratamento) ou com tratamento básico. Em 2015, apenas pouco menos de 40% da população da cidade do Rio de Janeiro se beneficiava de coleta de esgoto, abaixo da média nacional e de outros locais do estado (Niterói é um exemplo a se seguir: 95% do esgoto da cidade é tratado). SAIBA MAIS
O mesmo ocorre também em outras cidades e outros estados. Por isso, não é raro que, vez ou outra, ocorram aparecimento de gigogas, proliferação de algas e mortandade de peixes pela região costeira e pelos corpos hídricos de todo o Brasil. Mas nem todos sabem por que e as consequências de quando esses fenômenos surgem.
Você pode conhecê-las por diversos nomes: aguapé, gigoga, jacinto-d’água, rainha-dos-lagos… Mas todos esses nomes referem-se à mesma planta aquática, conhecida cientificamente como Eichhornia crassipes. Essas plantas encontradas em águas doces e salobras, que morrem em contato com água salgada. São beneficiadas por ambientes com grande quantidade de matéria orgânica e, por consequência, ambientes eutrofizados. Por isso são tão comuns em águas poluídas. SAIBA MAIS
Por sua reprodução muito rápida e fácil, essa espécie costuma causar problemas urbanos. Apesar de atrapalhar a navegação e causar transtornos, as gigogas ajudam o ambiente: elas se alimentam da matéria orgânica do corpo hídrico (crescendo e se reproduzindo), filtra a água e provém abrigo e alimento para a fauna local. Elas ajudam a regular e manter um equilíbrio ecológico, conservando o metabolismo natural e ciclos naturais do corpo hídrico em que se desenvolvem.
No entanto, se elas se reproduzirem em demasia e cobrirem o espelho d’água, impedem a entrada da luz e a fotossíntese das algas, matando a vegetação de fundo e, com a decomposição dessas algas, piorando a degradação ambiental ao diminuir o oxigênio na água através desse processo. E esse é um dos fatores da mortandade de vários animais marinhos, como peixes e crustáceos, que morrem por asfixia.
Por esse motivo, não é raro a associação de um aparecimento muito intenso de gigogas em um lago ou lagoa seguido de mortandade de animais e, consequentemente, mau cheiro. Esse evento pode ocorrer também por outros fatores relacionados à poluição, como descarte inadequado de produtos químicos, vazamentos de óleo, lançamentos industriais e agrícolas, entre outros. Esses fatores causam estresse aos animais graças a toxicidade que trazem e, dependendo do nível de gravidade, podem facilmente matá-los. SAIBA MAIS
Em alguns casos, no entanto, esse fenômeno pode ocorrer de forma natural. Rajadas de vento muito forte, por exemplo, podem revirar o fundo poluído de uma lagoa e liberar gases venenosos que causam esse problema. Em geral, uma grande mortandade apenas piora a degradação ambiental, pois com mais animais mortos, maior será a taxa de decomposição e menor será o nível de oxigênio na água, até que o ambiente chegue a anoxia (completa ausência de oxigênio).
Porém, a mortandade por falta de oxigênio na água também está ligada a outro fenômeno natural conhecido, a floração de algas, ou maré vermelha (como é chamado quando acontece no oceano). Assim como o surgimento de gigogas, também é um evento causado por eutrofização. Caracteriza-se por uma proliferação de crescimento rápido e expressivo de microalgas. Apesar do nome “maré vermelha”, nem sempre uma mudança de coloração da água é visível.
Além de alto grau de nutrientes na água, florações se beneficiam de altas temperaturas da água e de abundância de luz para acontecer. Por realizarem fotossíntese, a luz é um fator muito importante no crescimento de microalgas, então águas muito barrosas e cheias de sedimento e areia dificultam o fenômeno. Assim, ambientes de águas com pouca turbulência e calmas também podem favorecer essa ocorrência. Quando os fatores ocorrem em conjunto, temos uma floração.
Como consequência ao crescimento rápido, as algas liberam o oxigênio na água e saturam as camadas superficiais, porém as camadas inferiores ficam sem luz. Isso causa a morte de organismos fotossintetizantes abaixo da camada e sua decomposição, o que provoca falta de oxigênio no fundo do corpo hídrico em que estão, causando os problemas já citados. Além disso, podem alterar a cor e o odor da água, tornando-a repulsiva e, dependendo da alga que ali se proliferar, tóxica para nós e para os animais marinhos, o que também pode causar mortandade (caso de cianobactérias, por exemplo).
E você? Já viu ou soube de algum desses fenômenos na sua cidade? Conta pra gente nos comentários!
Natália da Silva Menezes
Bom dia!
Sou educadora ambiental, e gostaria de saber se vc possui informações sobre as correntes Marinhas da praia do meio , ou praia do fundo, em Guaratiba.
Irei fazer um trabalho educativo, e preciso dessas informações.
Aguardo, ansiosamente, sua resposta.
Obrigada!