A bioinvasão é uma das maiores ameaças aos ecossistemas marinhos e causa impactos ecológicos e socioeconômicos em todo o mundo. Espécies exóticas invasoras são aquelas que estão fora da sua área de distribuição natural e que prosperam em seu novo ambiente, provocando impactos ecológicos e econômicos. Ao todo no Brasil foram registradas 215 espécies, sendo 32 algas e 183 invertebrados. O processo de introdução de exóticos pode ocorrer sem a detecção imediata, sabendo que cerca de 150 espécies de macroalgas marinhas foram introduzidas em diferentes regiões do mundo de forma voluntária ou involuntária, em associação com as atividades humanas.
A questão da introdução acidental versus introdução intencional é relevante, pois a maioria dos problemas relacionados a organismos introduzidos são consequências de introduções não planejadas. As interações entre espécies nativas e invasoras são de extrema importância para avaliar os impactos causados nos habitats. Um exemplo a ser citado é o da espécie invasora de bivalve Isognomon bicolor no litoral brasileiro que tem causado prejuízos econômicos às atividades marítimas devido à bioincrustação em embarcações e construções portuárias.
A maior preocupação envolvendo a introdução de espécies exóticas é a competição com espécies nativas, e como o processo de introdução de animais exóticos pode ocorrer sem a detecção imediata, o início do processo de extinção de espécies nativas pode ocorrer de forma silenciosa. Nos litorais brasileiros, o coral-sol, Tubastraea spp., apresenta uma grande ameaça para os recifes originários. Segundo o Ministério do Meio Ambiente é uma das espécies exóticas invasoras prioritárias para a elaboração e implementação de Planos Nacionais de Prevenção. Para tratar do coral-sol, o MMA (Ministério do Meio Ambiente) instituiu o Grupo de Trabalho Coral-Sol visando fornecer assessoramento técnico e coordenar a elaboração do Plano de controle e monitoramento da bioinvasão do coral-sol Tubastraea spp..
Outro organismo que recentemente tem causado preocupação ao longo da costa do continente americano é o peixe leão. Na última década (2011-2020) tem sido alvo de monitoramento em uma tentativa de conter a sua proliferação, pois essa espécie tem comprometido a sobrevivência de biodiversidade nativa além de colocar em risco a saúde humana.
De forma resumida, as espécies exóticas invasoras apresentam grande ameaça, pois essa invasão pode causar um desequilíbrio no local ao qual a espécie foi introduzida, podendo levar os organismos nativos e o próprio ambiente a se adaptarem ou não às novas condições. Atualmente as invasões são consideradas um processo composto de múltiplos estágios, dinâmico no espaço e no tempo. As populações invasoras podem estacionar em determinados estágios e até regredir a estágios anteriores antes de atingir o auge.
Portanto, a origem do problema sempre está na falta de conhecimento e principalmente na gestão das atividades para atender às nossas necessidades. Esta tem crescido de forma exponencial em função da expansão da população humana no planeta. Nós sempre pensamos que estamos sozinhos no planeta ou que todos seres vivos existem porque devem estar à nossa disposição. A verdade não é bem isso. Para que consigamos sobreviver na espaçonave Terra que viaja no universo precisamos manter todos vivos e saudáveis para que o frágil equilíbrio se preserve intacto e saudável. Sem ele seremos nós os primeiros a desaparecer.
Escrito por Mariana de Andrade Cosendey
Referências Bibliográficas
https://dtihost.sfo2.digitaloceanspaces.com/sbotanicab/56CNBot/56CNBot-2206.pdf
http://www.esalq.usp.br/lcb/lerf/divulgacao/recomendados/outros/leao2011.pdf