Plástico: O pior inimigo dos oceanos

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Para um bom observador os principais resíduos sólidos encontrados nas regiões costeiras e nos oceanos são de natureza plástica. Tal fato acontece devido a sua altíssima durabilidade no meio natural e sua visibilidade decorre da sua reduzida densidade que permite permanecer flutuando na superfície. Também não podemos deixar de observar que sua acessibilidade aos oceanos é devido ao descarte inadequado promovido pelo seu único consumidor e criador que é o homem. O acúmulo desses resíduos pode se iniciar a partir da poluição nas regiões litorâneas e margens de rios que levam os detritos ao seu destino final, o mar.

O plástico pode apresentar diferentes características que se dão pelas variações quanto ao tamanho, composição e estrutura química. Seu ciclo de vida se inicia nas refinarias quando os monômeros são produzidos após a matéria prima ser extraída do petróleo. A partir daí, ocorre à polimerização destes monômeros, o que resulta nas resinas conhecidas como polipropileno, polietileno, dentre outros. Os baixos custos de produção, a durabilidade, a resistência e a maleabilidade são algumas das características que o tornam um produto muito eficiente e quase indispensável no cotidiano humano. O paradoxo do uso está no seu tempo de utilização comparado com o tempo de degradação no meio ambiente. O uso do plástico pode ser de alguns minutos como para a haste de cotonete, mas seu tempo de absorção no meio ambiente pode durar mais de 100 anos. Uma desproporção que atinge o limite do absurdo se refletirmos um pouco sobre o assunto.

Utilizados na produção de bens materiais, indústria têxtil, utensílios domésticos, embalagens da indústria alimentícia, entre outros, a durabilidade dos produtos plásticos faz com que permaneçam no ambiente natural por longos períodos de tempo. Com o passar do tempo a sua degradação primária se faz pela fragmentação. Os plásticos reduzem em partículas cada vez menores, originando os microplásticos. A existência das partículas de plástico no ambiente gera inúmeros efeitos nocivos ao planeta, como por exemplo: a ingestão por animais, podendo levar à sua morte, a contaminação do solo, efeitos toxicológicos, poluição visual e a descaracterização do paisagismo natural.

Ilhas de plástico nos oceanos
Fonte: https://www.revistaplaneta.com.br/mar-de-plastico-2/

Os resíduos sólidos podem ser classificados em uma escala de variados tamanhos. Para os itens plásticos, foram criados os termos micro-plásticos, para denominar os resíduos com tamanhos inferiores a 5 milímetros; mesoplásticos, para resíduos com tamanhos entre 5 e 25 milímetros; macroplástico, para os itens com tamanhos maiores que 2,5 centímetros; e megaplástico, para os itens maiores que 1,0 metro.  A remoção total dos resíduos plásticos no ambiente é praticamente impossível. Assim é muito mais eficiente não deixar o plástico ter acesso ao meio ambiente do que ter que removê-lo posteriormente. A melhor alternativa é após seu uso, partir para o reaproveitamento ou reciclagem. Nesse sentido, as empresas que utilizam o plástico precisam ser responsáveis pelo ciclo de vida completo de seus produtos (“do berço ao tumulo”). É a chamada Economia Circular onde você é responsável desde a sua fabricação até o retorno do material na sua origem para produzir novos bens para consumo humano.

Estudos indicam a chegada de resíduos plásticos na reserva marinha de Galápagos a partir de correntes oceânicas. O arquipélago considerado um laboratório natural e base da teoria da evolução de Darwin por conta de sua biodiversidade, vem sofrendo as consequências do uso irresponsável do plástico. Estudos identificaram a presença desses resíduos na água do mar, nas praias e no interior de muitos animais marinhos. Esse tipo de poluição viaja e contamina todas as partes dos ecossistemas marinhos e sua remoção é impraticável. A forma como os plásticos são utilizados precisa mudar.

O problema do plástico se inicia a partir da incapacidade de gerenciamento desses resíduos sólidos e pelo comportamento humano de só se preocupar com o consumo e pouco na sua recuperação. Para impedir a chegada do plástico na natureza é necessário entender e gerenciar todo seu ciclo de vida, possibilitando assim, o uso e a recuperação desses recursos. A economia circular deve ser estimulada e as indústrias precisam tornar seus produtos recicláveis. Da mesma forma é importante que os consumidores também façam a sua parte. Após o consumo que realizem o descarte adequado e garantam as condições mínimas para a reciclagem, pois o lixo domiciliar faz parte da sua responsabilidade. Para promover um uso eficiente dos recursos naturais é preciso repensar os atuais hábitos de consumo.

Escrito por Larissa Santana Sarmento

Referências Bibliográficas

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