Soluções para a reabertura da comunicação hídrica do Canal da Joatinga com o mar

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A ocupação acelerada e adensada das margens do Canal da Joatinga provocou a mudança gradual de sua morfologia. Estas mudanças acarretaram pontos de estrangulamento da circulação natural reduzindo-se de forma significativa o fluxo das marés, o que favorece a deposição de sedimentos em áreas molhadas sombreadas pelos aterros bem como uma alteração da velocidade de vazões em outros pontos.

Um novo equilíbrio assim se estabeleceu e nem sempre trouxe consequências positivas. Neste sentido o presente estudo se faz relevante, pois avalia as causas e os efeitos da ocupação acelerada nesse trecho. A mudança das condições naturais de circulação das águas provoca alterações na deposição (assoreamento) ou retirada (erosão) do leito lagunar, acarretando em um envelhecimento precoce das lagoas.

Em função da pujante expansão e ocupação urbana da baixada de Jacarepaguá, além da evidente carência de infraestrutura de saneamento e serviços de retirada de lixo, os rios da região conduzem para o complexo lagunar enormes volumes de resíduos líquidos e sólidos.

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Figura 1: Poluição sas lagoas da Baixada de Jacarepaguá escoando pelo Canal da Joatinga até o mar. Fonte: Custódio Coimbra/ Foto do dia 16/01/2013.

Um dos principais serviços gratuitos que a natureza fornece para a cidade é a renovação das águas interiores contaminadas de esgotos clandestinos. Aumentar ou manter este utilíssimo serviço ambiental é mitigar os estrangulamentos dos canais que conduzem as trocas com o mar. Neste sentido o presente trabalho evidenciou as inúmeras causas desta gradual perda da capacidade de trocas d’água o que irá facilitar a definição e a execução de medidas mitigadoras e preventivas.

Percebe-se claramente o caráter estratégico da comunicação hídrica que representa o canal da Joatinga. Desta forma diversas ações poderiam ser desenvolvidas para se tentar restabelecer a capacidade de trocas hídricas, a saber:

  1. Dragagem do canal central de comunicação;
  2. Aproveitamento dos sedimentos dragados para enchimento do núcleo da extensão do guia corrente (quebra-mar da Barra);
  3. Estabelecer e manter a faixa de proteção das margens – FPM através do replantio de vegetação, além do uso social e recreacional passível de ser instalado;
  4. Estabelecer e planejar locais de aprofundamento do leito lagunar para construção de armadilhas de sedimentos visando a gestão e manutenção da seção transversal do Canal da Joatinga.
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Figura 2: Imagem mostrando locais próprios para armadilhas de sedimentos – embocadura dos rios Intanhangá, Cachoeira, Canal de Marapendi e Ilha da Coroa.
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Figura 3: Localização de armadilhas próximas aos rios Intanhangá, Cachoeira e Canal de Marapendi.
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Figura 4: Localização de armadilha próxima a Ilha da Caroa.

Devido à alta visibilidade do Canal da Joatinga seria bastante oportuno aproveitar a sua localização estratégica para informar a sociedade dos progressos, além de motivar a participação comunitária em ações de proteção desta comunicação com o mar, através de outdoors posicionados em locais de alta circulação de veículos, manter e atualizar informações sobre as condições do Canal da Joatinga seria bastante recomendável. Tal iniciativa informa os esforços realizados pelo poder público bem como as boas iniciativas da sociedade organizada.

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