Entenda os perigos da contaminação por metais pesados

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O impacto que o homem provoca na natureza é recorrente. Muitas atividades lidam com resíduos potencialmente tóxicos e perigosos à saúde humana, sendo que parte do material produzido é descartado na natureza junto com o lixo industrial e que podem chegar a nós. Algumas dessas substâncias são os metais pesados, que são encontrados normalmente no seu estado natural no meio ambiente, mas que sofrem grandes alterações devido a interferência dos resíduos industriais e consequentemente o aumento de suas concentrações. Muitos desses metais são facilmente encontrados nos mares, lagunas, baías e lagoas, por exemplo.

Fonte: https://mrsolucoesambientais.com.br/vida-marinha/

A principal característica da água (H₂O) é ser solvente universal. Tal fato ocorre graças à propriedade polar de suas moléculas (o hidrogênio com carga negativa e o oxigênio com carga positiva) que atraem eletrostaticamente as moléculas de outros elementos. Assim, é capaz de dissolver o sal e o açúcar. Por outro lado, metais pesados como alumínio, manganês, zinco, arsênico, chumbo e mercúrio não podem ser solubilizados, contaminando assim os sedimentos marinhos e os animais.

Mas, o que são os metais pesados? Além de apresentarem efeitos tóxicos em grandes quantidades, suas principais características são sua insolubilidade e o processo de criarem sais que se dissolvem na água e formam cores chamativas, um bom exemplo disso é a Lagoa Azul, localizada no município de Tanguá no Rio de Janeiro. Uma cratera foi aberta por uma mineradora da região, que posteriormente, através do acúmulo da chuva foi formado um corpo d’água. Graças a essa mesma mineradora que explorava o mineral Fluorita e Sienito na localidade, a água foi exposta a elementos como manganês e alumínio que deram um tom azul turquesa para a lagoa formada. Sua cor vibrante é um chamariz para o turismo, mas infelizmente é de grande risco para os banhistas,  devido a presença dos metais pesados.

 A presença de alguns metais se faz necessários para a manutenção no organismo humano, como o zinco, cálcio, cobre, manganês, cobalto, níquel e molibdênio. Indo de encontro com os seus benefícios, metais como o zinco e o cobre são nocivos em altas concentrações, tendo alto impacto e provocando mudanças notáveis no metabolismo humano, podendo levar a letalidade. 

Na verdade, a sua toxicidade é dada pela sua quantidade e da forma que se encontra no ambiente. A principal preocupação que diz respeito a poluição dos corpos d’água pelos metais pesados é a facilidade de sua associação na musculatura e na gordura dos peixes e outros frutos do mar. O processo de biomagnificação é o acúmulo progressivo dessas substâncias através da cadeia alimentar. Um dos metais mais comum de ser encontrado nos frutos do mar é o Mercúrio que se apresenta na sua forma mais nociva. Os animais contaminados em ambientes costeiros que recebem os esgotos e rejeitos industriais são pescados e destinados para o consumo dos habitantes das proximidades litorâneas e em cidades próximas, que são na maioria das vezes a própria fonte dessa poluição.

Fonte: https://www.capivarionline.com.br/preocupacoes-com-o-descarte-de-pilhas-e-baterias-os-metais-pesados/

Situações como essas já aconteceram em diversos locais do planeta. Um emblemático exemplo aconteceu em 1956 na cidade de Minamata (Japão), devido ao descarte de efluentes industriais na baía da província, durante 20 anos. A sequela foi percebida através de transtornos neurológicos de forma que o mercúrio afetava a transmissão dos impulsos nervosos ocasionando o mal de Parkinson. Muitos problemas reprodutivos e até mesmo a má formação do feto em mulheres gestantes foram registrados, bem como diversas mutações genéticas. O número de vítimas, de quase 3 mil pessoas, gerou um grande alarde pelo mundo.

Em síntese, com o advento do crescimento urbano e industrial costeiro, junto a falta de controle (monitoramento) além da carência de informações por parte da população, podem levar a outro acontecimento como o de Minamata. Para que esse tipo de risco seja evitado, é preciso que a sociedade seja mais participativa e que junto ao conhecimento dos perigos venha a consciência ambiental. Ademais, é de suma importância que a população seja mais atenta ao descartar o seu lixo. Boa parte do esgoto urbano tem seu fim no mar e apesar de já existir métodos desenvolvidos para conter a poluição do metal pesado, o processo se faz inútil sem a ajuda coletiva.

Fonte: https://www.ecodeal.pt/pt/blog/o-que-e-a-gestao-de-passivos-ambientais-e-qual-a-sua-importancia

Escrito por: João Pedro Rodrigues de Carvalho

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

RODRIGUES DA SILVA, Rafaela et al. Convenção de Minamata:análise dos impactos socioambientais de uma solução em longo prazo. Saúde em Debate , [s. l.], ano 2017, v. 41, ed. spe2, p. 50-61, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-11042017S205. Acesso em: 14 out. 2022

FERREIRA LIMA, Veronica et al. Metais Pesados no Ensino de Quimica. Química nova na escola, [s. l.], ano 2011, v. 33, n. 4, p. 199-205, 2011. Disponível em: https://www.ufjf.br/baccan/files/2012/11/199-CCD-7510.pdf. Acesso em: 12 out. 2022.

BOLDRINI, C. V.; PEREIRA, D. N. Metais pesados na baía de Santos e estuários de Santos e São Vicente: bioacumulação. Revista Ambiente, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 118–127, 1987. Disponível em: https://revista.cetesb.sp.gov.br/revista/article/view/33. Acesso em: 17 out. 2022.

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