Microplástico: o pior inimigo do planeta

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O plástico é um assunto muito discutido nos dias de hoje por causa de seus danos aos oceanos, mesmo sendo um material que começou a ser difundido em larga escala recentemente, perto da década de 1950. Porém, há uma ameaça mais perigosa que precisa ser discutida: o microplástico.

                Os microplásticos são partículas de plástico inferiores a 5 milímetros, presentes desde o oceano até a atmosfera, passando pelo trato digestivo de diversos animais, inclusive o homem. A princípio, essa informação pode parecer surreal, mesmo sendo comprovada cientificamente. Porém, ao serem mostrados os fatores que agravam a situação ambiental desse material, percebemos que o perigo é real – e está mais perto do que imaginávamos. Portanto, devemos nos empenhar nas mudanças da nossa sociedade de consumo, para evitar que isso se torne algo ainda pior.

gif sobre a quantidade de partículas de microplásticos
fonte: El mar


                A primeira pergunta que vem à nossa cabeça é como, em tão pouco tempo, a situação dos microplásticos ficou tão ruim? A resposta para essa pergunta é simples, porém alarmante. A nossa produção de plástico é enorme, e só em 2015 foram produzidas 420 milhões de toneladas de plástico. Piorando mais ainda, de todo o plástico que foi produzido durante os últimos 70 anos, apenas 9% foi reciclado. E, mesmo que os países tivessem a reciclagem eficiente para lidar com uma quantidade tão grande de resíduos, eles não conseguiriam reciclar 100% do que foi descartado, pois nem todos os plásticos são recicláveis. Os plásticos são divididos em dois grupos, os termorrígidos e termoplásticos. Os termorrígidos são 20% dos plásticos consumidos no Brasil, e não podem ser reciclados. Os termoplásticos apesar de serem recicláveis, não podem voltar para a indústria alimentícia, por risco de contaminar os alimentos com resíduos tóxicos. Então, com todas essas dificuldades, os plásticos descartados acabam tendo seu fim na natureza.

Simulação da deterioração do plástico com o tempo
fonte: Mar sem fim

                Com o descarte impróprio do plástico, suas partículas – os microplásticos – se quebram aos poucos, povoando os mares e os ares, a ponto de serem achadas partículas no ponto Nemo, o lugar do oceano mais longe de todos os continentes, e nos montes Pirineus, no sul da França, onde não há atividades comerciais e industriais em um raio de 100 km. Essas partículas estão tão disseminadas nos oceanos que podem, em 2050, ter mais microplásticos que peixes no ecossistema marinho. Embora esse material seja micro, ele é muito nocivo por dois principais fatores: dificulta a entrada de luz no mar e acaba sendo consumido por diversos animais marinhos. A falta de luminosidade nas profundidades em que a luz costumava chegar (até 120 m) é um problema pois as espécies terão de vir para camadas mais rasas de água, onde a temperatura, pressão, competidores e alimentos são diferentes, colocando esses em risco de extinção.

                Já a alimentação dos animais com resíduos plásticos tem consequências diretas ainda maiores. Ao ingerir o plástico, os animais começam a correr perigo. As partículas maiores se alojam em seu estômago, assim o impedindo de fazer outras refeições, pois não há espaço para digerir os alimentos, causando assim a morte destes por falta de nutrientes. Já as micropartículas além de se alojarem no trato digestivo, também penetram na corrente sanguínea, contaminando o corpo todo. Os seres humanos, ao se alimentarem desses animais, acabam com seu sistema digestivo contaminado pelo mesmo material, e as consequências dessas partículas em nosso organismo ainda não foram descobertas. E, o pior, comer animais marinhos não é a única forma de ingerir microplástico. Muitos alimentos industrializados são contaminados ao serem embalados, e os resíduos são consumidos junto com a comida.

o caminho do plástico até nosso sistema digestivo
fonte: Mar sem fim

                Com isso, vemos o quanto o microplástico é perigoso tanto para o meio ambiente quanto para todas as espécies que nele habitam. A mudança na nossa maneira de consumir é necessária, assim como a mudança dos setores industriais. Além das dicas do post “7 maneiras de reduzir o consumo de plástico”, há também outros meios de diminuir o impacto ambiental, como por exemplo o “slow fashion”. A indústria da moda é também responsável pela dispersão de microplásticos, por suas embalagens e pelos tecidos sintéticos, que foram classificados no Reino Unido como uma das maiores causas de contaminação das águas com origens domésticas.

                Portanto, cada um tem que fazer a sua parte para que possamos assim como as próximas gerações, aproveitar nossas vidas com saúde e qualidade de vida. Tenha em mente que tudo que fizer contra a natureza os impactos retornam para nós, mais cedo ou mais tarde. Voce acha justo que o plástico de um canudo ou de um copo que usamos por não mais que 10 minutos, demore mais de 100 anos para a natureza digerir? Todo plástico que puder evitar e recolher para reciclagem os oceanos agradecem.

Paula Charnaux

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3 Replies to “Microplástico: o pior inimigo do planeta”

  1. Ótimo texto! Esclarecedor, importante ler!

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