O litoral brasileiro na sua maior extensão é composto por praias arenosas muito suscetíveis a erosão em função do seu caráter inconsolidado como também das mudanças climáticas. Outro fator de preocupação é a necessidade de estabilidade da linha d’água em função da alta proximidade das edificações urbanas da orla. O caráter naturalmente dinâmico das ondas, marés e agora dos eventos extremos (ressacas) promovem intensas variações da linha de costa causando enorme insegurança social principalmente na orla urbanizada. Medidas de adaptação das cidades costeiras para esse novo cenário de agressividade do mar devem ser pensadas, testadas e implantadas visando a sua segurança.
Fonte: https://viagemeturismo.abril.com.br/materias/17-belas-praias-urbanas-do-brasil/
Em função das características oceanográficas, geomorfológicas e urbanas locais, os recifes artificiais se apresentam como alternativa para prover a proteção como também oferecer benefícios para a biodiversidade, o lazer, esportes e turismo. Naturalmente que qualquer proposta que envolva a natureza deve passar pelo crivo do licenciamento ambiental segundo a legislação vigente. Da mesma forma a consulta da sociedade local deve ser realizada uma vez que envolve interesses diversos.
As praias arenosas na sua parte submersa possuem uma biodiversidade diferente e menos rica se comparada com a de um recife, seja ele natural ou artificial. A natureza móvel dos sedimentos de uma praia não permite a fixação de inúmeros organismos bentônicos que necessitam de um substrato duro e inerte para se desenvolverem. A fauna acompanhante desta fauna bentônica confere ainda mais a diversidade, passível de ser encontrada num ecossistema recifal. Desta forma a instalação de um substrato duro de maneira artificial pode induzir o desenvolvimento de um ambiente recifal promovendo assim uma cadeia alimentar ainda mais robusta e rica. Tal oportunidade abre condições para a pesquisa científica visando desenvolver conhecimento para a preservação futura dos ecossistemas recifais.
A criação de um elemento diferenciado ao longo de uma extensa praia arenosa como é o caso de um recife artificial torna-se um atrativo econômico induzindo o desenvolvimento de um polo de turismo e lazer. Em função da modulação do fundo praial promovido pela presença do recife é possível criar uma pista para prática de esportes aquáticos como é o caso do surf. Além disso, o mergulho de contemplação também pode ser idealizado em razão da existência de uma rica biodiversidade que se desenvolve no entorno do recife criado. Enfim os benefícios sociais e ambientais são evidentes como também se promove a criação de um polo de desenvolvimento econômico para as cidades costeiras.
Entretanto outro benefício menos percebido e oferecido pelos recifes é sua capacidade de amortecer a energia das ondas e correntes marinhas mitigando assim o risco de erosão das praias arenosas. Posicionado em frente e próximo as praias a estrutura recifal submersa cria maior atrito durante a passagem das ondas e correntes promovendo o seu espalhamento bem como a absorção de parte da energia das mesmas. Naturalmente que quanto mais exuberantes estiverem os organismos vivos assentados no recife tanto maior será o atrito das águas e, portanto, maior será a dissipação da energia que seria gasto no transporte das areias ao longo das praias.
O desenvolvimento de tecnologias inovadoras como é o caso dos recifes artificiais possibilita a potencialização dos serviços da natureza para o benefício humano e ambiental conferindo viabilidade econômica desse processo. Neste sentido o tripé da sustentabilidade ambiental está harmonicamente equilibrado promovendo a educação e o entendimento social para as práticas mais integradas com o meio ambiente.
Escrito por: David Zee
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
https://www.preventionweb.net/news/insurance-climate-adaptation-opportunities-and-limitations
https://www.waveco.com.au/the-future-of-artificial-reef-technology/
https://www.downtoearth.org.in/news/climate-change/tamil-nadu-deploying-artificial-reefs-to-save-sinking-islands-58392
Artificial-reef projects: Are we doing it right?