Correntes Marinhas e sua importância na distribuição de calor no planeta

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O sol é a principal fonte energética que molda os elementos climáticos da Terra e sua distribuição acontece de acordo com o grau de incidência que cada latitude do globo terrestre recebe. O planeta Terra possui uma inclinação em relação ao sol, o que resulta em uma radiação não uniforme dos raios solares, ou seja, algumas regiões recebem mais calor e outras possuem um déficit energético. Diversos são os meios com que o planeta lança mão para manter o equilíbrio térmico e a corrente marinha é uma delas. Devido a uma série de fenômenos atmosféricos, a energia solar é transferida para os oceanos e redistribuída no planeta. De maneira geral as correntes oceânicas distribuem 1/3 do calor absorvido do sol. Tendo em vista a capacidade de redistribuição do calor promovido pelas correntes, é fácil perceber a razão porque as águas oceânicas não fervam nos trópicos e nos polos não congelam por completo.

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O que faz da água uma grande ferramenta na dispersão de energia é o seu elevado calor específico. Essa propriedade física diz respeito à capacidade da água conseguir armazenar uma grande quantidade de energia sem obter grandes variações de temperatura.  Mas o que acontece com o calor depois de armazenado? É evidente que a água precisa de movimento para que ocorra a redistribuição energética e a principal força externa que dá a partida nesse movimento são os ventos. A diferença de temperatura na superfície terrestre gera uma zona de alta pressão nos Polos (por ser mais frio) e uma zona de baixa pressão no Equador (por ser mais quente, devido ao alto índice de radiação solar). Essa mesma diferença de pressão causa o deslocamento do ar, na forma de vento, a partir das zonas de alta pressão em direção às áreas de baixa pressão. O vento não segue o caminho reto em sua trajetória e é defletido devido a rotação da Terra, esse evento nós chamamos de força de Coriolis. Somado a todos os eventos supracitados junto ao contato por fricção do vento com o mar, são geradas as correntes superficiais dos oceanos.

A corrente mais conhecida por executar um processo complexo de transporte de calor é a Corrente do Golfo. A corrente originária da Flórida é caracterizada pelas águas quentes e salinas. Ela flui em direção ao leste dos Estados Unidos e Canadá, influenciando também as águas da Europa através do Atlântico Norte. Assim como ele, existem mais correntes que exercem a mesma função. Um bom exemplo é a Corrente do Brasil, que surge a leste da costa brasileira e encontra a corrente das Malvinas na costa da Argentina. A corrente do Brasil tem a mesma função da Corrente do Golfo, de transportar calor dos trópicos para as regiões temperadas sendo que não possui a mesma força. A seguir encontra-se uma figura que delineia os percursos das correntes superficiais dos oceanos. As de cor vermelha são aquelas que transportam águas mais quentes e as de azul as que carregam águas frias.

Em virtude das circulações superficiais dos oceanos, o clima do planeta é regulado e equilibrado. A diferença de temperatura que ocorre na superfície do mar influencia no clima global. A corrente do Golfo, por exemplo, é um fator importante no aumento da precipitação de alguns países da Europa como é o caso de Portugal.  Nas últimas décadas foi observado o enfraquecimento dessa corrente, gerando uma preocupação em função do clima. Qualquer anomalia do clima afeta a agricultura e portanto na produção de alimentos e na economia dos países. Levando-se em consideração o elevado contingente populacional do planeta e a alta vulnerabilidade social existente, qualquer desequilíbrio causa um grande impacto na qualidade de vida das pessoas, principalmente no caso dos países subdesenvolvidos e sem tecnologia. Manter o equilíbrio dos oceanos é uma questão de sobrevivência e de viabilidade da raça humana no planeta.

Escrito por João Pedro Rodrigues de Carvalho

Referências Bibliográficas

GARRISON, Tom. Fundamentos da Oceanografia. 7. ed. Cengage: [s. n.], 2016. 480 p. ISBN 9788522124220. Disponível em: https://www.cengage.com.br/livro/ebook-fundamentos-de-oceanografia/.

ALEXANDRE, José Alberto Afonso. As correntes marinhas. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2008.

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GOMES, P. T. Variabilidade da precipitação em Portugal e relações com o sistema oceano-atmosfera no Atlântico Norte. Finisterra, [S. l.], v. 33, n. 66, 1998. DOI: 10.18055/Finis1701.

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