Provavelmente você já observou um mercado de peixes ou mesmo consumiu esses animais, visto que são um dos itens alimentares mais presentes na mesa dos brasileiros.
Em se tratando de peixes que habitam os manguezais, a situação não é diferente. Devido a importância econômica desses recursos, sua exploração tem sido cada vez mais intensa, comprometendo a disponibilidade de pescados para os próximos anos.
Fonte: https://pt.dreamstime.com/no-barco-do-pescador-travando-muitos-peixes-image108574042
Mas antes de discutirmos as consequências ambientais, vamos conhecer quem são os peixes estuarinos e o local onde habitam.
Os manguezais são ecossistemas costeiros de transição entre os ambientes terrestres e oceânicos, sujeitos ao movimento de oscilação das marés. Uma das maiores franjas contínuas de manguezal do Brasil inicia no Amapá e se estende até o Rio Grande do Norte. Por abrigarem considerável biodiversidade juvenil marinha nos estuários (rios dos manguezais), esses ecossistemas funcionam como áreas de berçário para esses organismos.
Fonte: https://voices.nationalgeographic.com/2015/09/29/fish-spawning-aggregations-an-illusion-of-plenty/
Os peixes dependem dos estuários para sua alimentação, reprodução e proteção contra predadores. Muitas espécies de peixes marinhos permanecem nos estuários apenas durante sua fase juvenil, pois são áreas mais seguras, principalmente entre as raízes da vegetação, e com alimentação abundante (zooplâncton, fitoplâncton, e outros organismos de menor porte). Outros tipos de peixes marinhos, em sua fase adulta, visitam os estuários apenas para se alimentarem, retornando posteriormente aos oceanos. E ainda tem as espécies que habitam definitivamente os estuários. Os peixes desempenham importantes funções ecológicas nesses ecossistemas, como a manutenção da teia alimentar, necessária para manter a biodiversidade equilibrada, evitando, por exemplo, a extinção local de espécies devido à competição exacerbada por recursos alimentares.
Além da importância ecológica, os peixes estuarinos também são importantes economicamente. Entre as espécies mais exploradas temos a “tainha”, nome popular dos peixes da família Mugilidae (figura 1), a “tilápia”, nome comum aos peixes da subfamília Pseudocrenilabrinae (figura 2), “sardinha”, que são peixes da família Clupeidae (figura 3), “bagres” da família: Ariidae (figura 4), e o “parati”, peixes da família Polynemidae (figura 5).
Fonte: https://www.pinterest.com/pin/634092822517886631/
Fonte: https://revistagloborural.globo.com/vida-na-fazenda/como-criar/noticia/2018/04/como-criar-tilapia.html
Fonte: https://madmikesamerica.com/2014/01/crashing-sardine-populations-threaten-fish-wildllife/
Fonte: https://www.portaldosanimais.com.br/informacoes/onde-fica-o-veneno-do-peixe-bagre/
Fonte: https://www.borapescar.com/blogs/parati-barbudo-ou-nariz-de-vidro/
O consumo de peixes gera um retorno financeiro necessário não apenas para a subsistência das milhares de famílias que dependem diretamente da extração desses recursos, mas também movimenta um mercado cada vez mais promissor. Esses ecossistemas são necessários à sobrevivência de pescadores, ribeirinhos que residem nas proximidades dos estuários. Dos manguezais, incluindo seus estuários, os pescadores adquirem não apenas o alimento, mas também recursos necessários à construção de moradias.
Fonte:http://www.arquidioceseolindarecife.org/arcebispo-celebra-ceia-do-senhor-e-lava-pes-em-comunidade-ribeirinha-do-recife/
Fonte: http://olhares.sapo.pt/uma-casa-no-mangue-foto1732806.html
Fonte: https://redeglobo.globo.com/sp/tvtribuna/noticia/mercado-do-peixe-de-santos-e-destaque-no-antena-paulista.ghtml
Além das áreas de manguezais, os ecossistemas de marismas também merecem atenção, visto que essas áreas também ocorrem nos estuários do Brasil. As marismas são ecossistemas costeiros e hipersalinos, com vegetação específica e adaptada a estas condições ambientais. Esses ambientes úmidos são importantes por abrigarem uma rica biodiversidade em fauna e flora, contribuindo para a produtividade primária destes ambientes e atenuando processos erosivos costeiros. Essas áreas também devem ser conservadas para garantir o equilíbrio dos estuários.
Fonte: https://www.flickr.com/photos/vcastelo/48854441311/in/pool-cantabros_vascos_y_asturianos_primos_hermanos
Relacionando todos esses ecossistemas à importância da manutenção da ictiofauna, precisamos estar atentos para a exploração exacerbada deste recurso, visto que seu consumo insustentável pode esgotar este recurso para as próximas gerações. Dessa forma, precisamos apoiar iniciativas que visem o manejo sustentável desses recursos. Assim, garantimos o nosso alimento e o de milhares de pessoas nesta e nas próximas gerações.
Escrito por: Jessika Albuquerque
Referências
CARICCHIO, C. Marismas. Disponível em: Marismas (ufba.br). Acesso em: 09 de jul. 2021.
Ecycle. O que são manguezais e sua importância. 2020. Disponível em: O que são manguezais e sua importância (msn.com). Acesso em: 09 de jul. 2020.
PEIRÓ, D. F.; SEMPREBOM, T. H.; SILVEIRA, R. A. D.; HAUEISEN, M. P. Manguezais: Estrutura, Dinâmica e Biodiversidade. Bioikos, 2020. Disponível em: https://www.bioicos.org.br/post/manguezais-estrutura-dinamica-e-biodiversidade. Acesso em: 09 de jul. 2021.
Pérola News. Ribeirinhos sofrem com a falta de peixes e contam com o apoio do Povo das Águas. 2013. Disponível em: Ribeirinhos sofrem com falta de peixes e contam com o apoio do Povo das Águas – Pérola News (perolanews.com.br). Acesso em: 09 de jul. 2021.